sábado, 29 de janeiro de 2011

Na minha mão tentas encontrar

Na minha mão tentas encontrar
o rumo que queres a meu lado seguir
mas sabes bem que contigo não poderei caminhar
pois os obstáculos desta vida não irão permitir.

Tento erguer-me e esquecer
este medo que continua aceso no meu interior
sei que o futuro ninguém o consegue prever
mas no meio desta multidão tento fugir ao clamor.

O teu olhar ainda transpira a ganância
que acabou por te consumir
embora eu não goste dessa tua relevância
não posso voltar a deitar-te cair.

Nunca poderei compactuar nessa tua decisão
porque este sim é o meu lugar
se dizes que ao escrever solto toda a minha emoção
tenta agora compreender o meu olhar.
Inês

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

27 de Janeiro: Dia Internacional de Memória do Holocausto

Primeiro levaram os judeus,
Mas não falei, por não ser judeu.
Depois, perseguiram os comunistas,
Nada disse então, por não ser comunista,
Em seguida, castigaram os sindicalistas
Decidi não falar, porque não sou sindicalista.
Mais tarde, foi a vez dos católicos,
Também me calei, por ser protestante.
Então, um dia, vieram buscar-me.
Mas, por essa altura, já não restava nenhuma voz,
Que, em meu nome, se fizesse ouvir.

[Poema de Martin Niemoller]

Estrofes Vicentinas

“ Auto da Barca do Inferno”
Obra escrita por Gil Vicente
É uma crítica à nossa sociedade
Que melhor retrata a nossa gente!

Sátiras e mensagens pensou
E na sua famosa obra as projectou,
Personagens-tipo e cómicas arranjou
E uma peça histórica encenou.

Todas aquelas personagens
Ao cais foram parar
Para que o Anjo e o Diabo
As pudessem julgar…

Eram muitas
Como a Alcoviteira e as suas enteadas
E poucas foram as
Que não foram condenadas.

Esta crítica social
só podia ser escrita por alguém especial
Esse alguém é Gil Vicente
Uma pessoa muito inteligente.

A peça que fomos ver
Foi de grande diversão
Foi a melhor visita de estudo
Na minha opinião…

Texto produzido a partir de quadras de alunos do 9ºA e 9ºD a propósito da representação a que assistiram no dia 13 de Janeiro.

domingo, 23 de janeiro de 2011

Mais Palavras Ditas...

Outros declamadores



Diseur: Mário Viegas
Rifão Quotidiano

Uma nêspera
estava na cama
deitada
muito calada
a ver
o que acontecia

chegou a Velha
e disse
olha uma nêspera
e zás comeu-a

é o que acontece
às nêsperas
que ficam deitadas
caladas
a esperar
o que acontece

Mário Henriques Leiria



Diseur: José Luis Peixoto

Fotografia de Madrid

Madrid regressará sempre. São precisos anos
para aprender aquilo que apenas acontece com
a distância de anos. É por isso que posso afirmar
que Madrid regressará sempre. Não sei que tipo
de entendimento encontrámos. Eu e Madrid não
nos conhecemos bem. Sabemos o essencial e
inventamos tudo o resto. Tanto a minha vida,
como a vida de Madrid, já tiveram muitas formas.
No entanto, quando nos encontramos, somos
sempre o mesmo nome. Avaliamo-nos por
cicatrizes e pequenas marcas de idade.
Não estabelecemos metas, estamos cansados.
Eu e Madrid só queremos uma cama, mas,
se não houver, contentamo-nos com o chão e,
se não houver, contentamo-nos com um abraço.

José Luis Peixoto

sábado, 22 de janeiro de 2011

O 'diseur'

Ainda no 'rescaldo' da visita oa Museu do Teatro e da representação do Auto da Barca do Inferno, queríamos hoje falar-vos de uma figura do teatro que não foi referida nessa visita, mas que tem lugar de destaque na História do Teatro em Portugal: João Villaret.

Passaram ontem 50 anos sobre a sua morte. Com uma carreira multifacetada no espectáculo português, foi um dos responsáveis por levar a Poesia ao grande público, através da rádio e da televisão.

Declamar é uma das muitas artes de palco. E Villaret fazia-o como ninguém!

Numa tradição cultural que recebeu muita influência de França, o actor-declamador era frequentemente conhecido por 'diseur'.

Foi assim que aprendemos a gostar de muitas das palavras da Poesia Portuguesa: na voz e na interpretação do 'diseur' João Villaret, que aqui vos apresentamos num dos seus temas mais famosos, com um vídeo em que podem conhecer algumas das imagens que nos legou, para a História do Teatro e da Poesia em Portugal.



FADO FALADO

Fado Triste
Fado negro das vielas
Onde a noite quando passa
Leva mais tempo a passar
Ouve-se a voz
Voz inspirada de uma raça
Que mundo em fora nos levou
Pelo azul do mar
Se o fado se canta e chora
Também se pode falar

Mãos doloridas na guitarra
que desgarra dor bizarra
Mãos insofridas, mãos plangentes
Mãos frementes e impacientes
Mãos desoladas e sombrias
Desgraçadas, doentias
Quando à traição, ciume e morte
E um coração a bater forte

Uma história bem singela
Bairro antigo, uma viela
Um marinheiro gingão
E a Emília cigarreira
Que ainda tinha mais virtude
Que a própria Rosa Maria
Em dia de procissão
Da Senhora da Saúde

Os beijos que ele lhe dava
Trazia-os ele de longe
Trazia-os ele do mar
Eram bravios e salgados
E ao regressar à tardinha
O mulherio tagarela
De todo o bairro de Alfama
Cochichava em segredinho
Que os sapatos dele e dela
Dormiam muito juntinhos
Debaixo da mesma cama

Pela janela da Emília
Entrava a lua
E a guitarra
À esquina de uma rua gemia,
Dolente a soluçar.
E lá em casa:

Mãos amorosas na guitarra
Que desgarra dor bizarra
Mãos frementes de desejo
Impacientes como um beijo
Mãos de fado, de pecado
A guitarra a afagar
Como um corpo de mulher
Para o despir e para o beijar

Mas um dia,
Mas um dia santo Deus, ele não veio
Ela espera olhando a lua, meu Deus
Que sofrer aquele
O luar bate nas casas
O luar bate na rua
Mas não marca a sombra dele
Procurou como doida
E ao voltar da esquina
Viu ele acompanhado
Com outra ao lado, de braço dado
Gingão, feliz, levião
Um ar fadista e bizarro
Um cravo atrás da orelha
E preso à boca vermelha
O que resta de um cigarro
Lume e cinza na viela,
Ela vê, que homem aquele
O lume no peito dela
A cinza no olhar dele

E o ciume chegou como lume
Queimou, o seu peito a sangrar
Foi como vento que veio
Labareda atear, a fogueira aumentar
Foi a visão infernal
A imagem do mal que no bairro surgiu
Foi o amor que jurou
Que jurou e mentiu
Correm vertigens num grito
Direito ou maldito que há-de perder
Puxa a navalha, canalha
Não há quem te valha
Tu tens de morrer
Há alarido na viela
Que mulher aquela
Que paixão a sua
E cai um corpo sangrando
Nas pedras da rua

Mãos carinhosas, generosas
Que não conhecem o rancor
Mãos que o fado compreendem
e entendem sua dor
Mãos que não mentem
Quando sentem
Outras mãos para acarinhar
Mãos que brigam, que castigam
Mas que sabem perdoar

E pouco a pouco o amor regressou
Como lume queimou
Essas bocas febris
Foi um amor que voltou
E a desgraça trocou
Para ser mais feliz
Foi uma luz renascida
Um sonho, uma vida
De novo a surgir
Foi um amor que voltou
Que voltou a sorrir

Há gargalhadas no ar
E o sol a vibrar
Tem gritos de cor
Há alegria na viela
E em cada janela
Renasce uma flor
Veio o perdão e depois
Felizes os dois
Lá vão lado a lado
E digam lá se pode ou não
Falar-se o fado.

Composição: Aníbal Nazaré e Nelson de Barros

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Vida

Os ossos partem-se,
Os orgãos rebentam,
A carne rasga-se...
Podemos cozer a carne,
reparar o dano,
diminuir a dor...
Mas quando a vida cede,
quando nós cedemos...
não há ciência,
não há regras impostas;
Temos de seguir o nosso caminho...
E para mim,
não há nada melhor
e não há nada pior.
Continuamos a vida sem nos cortarmos,
sem nos magoarmos.
Vida,
morta ou viva continuarei.
Mancha

Auto da Barca do Inferno - Companhia "O Sonho"


Fid.
Que leixo na outra vida
quem reze sempre por mi.

Dia.
Quem reze sempre por ti?!...
Hi, hi, hi, hi, hi, hi, hi!...
E tu viveste a teu prazer, cuidando cá guarecer[15]
por que rezam lá por ti?!...

Embarca! Hou! Embarcai!
que haveis de ir à derradeira!
Mandai meter a cadeira,
que assi passou vosso pai.

Fid.
Quê? Quê? Quê? Assi lhe vai?!

Dia.
Vai ou vem! Embarcai prestes!
Segundo lá escolhestes,
assi cá vos contentai.

Pois que já a morte passastes,
haveis de passar o rio.

Fid.
Não há aqui outro navio?

As Janeiras na Nossa Escola (20/01/11)


"Somos do Grupo Coral"

Levante-se ó patroa
Abra a porta da varanda
Deite alguns euros à rua
Para o grupo qu'aqui anda

Vimos cantar as Janeiras
Ó senhores venham escutar
Somos do Grupo Coral
Boas Festas lhes queremos dar
Uma gente tão bondosa
Nesta terra não conheço
Ajude a fazer as obras
Na Igreja de Carreço

Vimos cantar as Janeiras
Ó senhores venham escutar
Somos do Grupo Coral
Boas Festas lhes queremos dar

Venha-nos ouvir cantar
Não espreite no postigo
Boas festas lhe vem dar
Este grupo seu amigo

Vimos cantar as Janeiras
Ó senhores venham escutar
Somos do Grupo Coral
Boas Festas lhes queremos dar

Aos Poetas da Nossa Escola

Está aberto um concurso de poesia, no âmbito do Plano Nacional de Leitura.Assinalando o Dia Mundial da Poesia aceitam-se poemas individuais, de tema livre, entre Dezembro de 2010 e Março de 2011.O link para todas as informações é o seguinte:

http://www.planonacionaldeleitura.gov.pt/Concursos/upload/ficheiros/regulamento_flp(1).pdf

Nós sabemos que vocês têm talento, agora é altura de o mostrarem também aos outros!

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Os donos da amizade...

A amizade
consegue ser
tão complexa...
Deixa uns
desanimados,
outros bem
felizes...
É a alimento
dos fracos.
É o reino dos
fortes.
Faz-nos cometer
erros.
Os fracos deixam
se ir abaixo.
Os fortes erguem
sempre a cabeça.
Os assim-assim
assumem-nos.
Sem pensar
conquistamos
o mundo em geral
e construímos o
nosso pequeno
lugar, deixando
brilhar cada
estrela...
Estrelinhas...
Doces, sensíveis,
frias, ternurentas.
Mas sempre
presente em
qualquer lugar...

Andreia Filipa da Costa Resende, nº1, 7ºG

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Esquecer

Haverá algum dia
Em que esquecerei?

Ontem foi especial,
Naquele passeio,
Estava a rever,
Algo que já tinha acontecido,
Mas que desta vez, passou a correr!

Apenas eu sei,
O quanto te queria abraçar,
Beijar,
Mas tu estavas noutro lugar,
Longe…
Acho que pensaste
No mesmo que eu
Quando comentei a situação
Que se passava no meu coração!

Será que algum dia,
Acabará esta agonia?

Sinceramente espero que sim,
Estou farta!
Fizeste-me e fazes-me sofrer,
Porque será que não te consigo esquecer?

Elsa Silvestre nº7, 9ºD

Amizades

Para muitos posso ser,
Interessante e talentosa,
Para outros também posso ser
Irritante e mentirosa!

Não me interessa ser,
Aquilo que os outros querem,
Mas sim aquilo que sou
E que muitos preferem!

Aqueles que me conhecem
Sabem que comigo podem contar
Para tudo o que precisarem
Sem terem de se esforçar
Porque o bem-estar
De todos eles, faz de mim
A pessoa mais feliz!!

Também sei,
Que posso contar com eles,
Como eles comigo contam!
E a todos aqueles
Que não me conhecem
Como certas pessoas
Tenham cuidado com as palavras
Que usam para me descreverem
A mim e aos meus!

Elsa Silvestre nº7, 9ºD

Neste campo entristecido ao anoitecer

Neste campo entristecido ao anoitecer
tudo entra num profundo adormecimento
onde ninguém tem o conhecimento
nem o poder de estragar toda a beleza deste enquadramento.

Numa mão onde cabe a esperança
dou-te a minha onde tu acabas por pegar
levas-me a conhecer o universo de uma mudança
onde eu queria muito um dia chegar.

Nas asas de um pássaro elevas os teus pensamentos
e eu quebro os meus sonhos sem me aperceber
num oceano não de fama, mas sim de momentos
é nele que eu quero um dia voltar a me render.

Em meu redor apenas cabe a pureza
de um simples gesto da tua parte
não é da tua essência, mas sim da Natureza
esta forma de escrita que hoje se resume a arte.

Inês

sábado, 8 de janeiro de 2011

Sabia que ias ceder

Sabia que mais cedo ou mais tarde ias ceder
aos caprichos de um veneno que tende a se espalhar
sei bem que pingo a pingo o meu olhar irá verter
e aí já não vais correr para me acordar.

Como uma flor que espalha magia
no meu ser pintavas uma parte do que hoje sou
mas no horizonte sei que as tuas facetas são mera ironia
e já não és o passado daquela manhã que o Sol espelhou.

As tuas palavras magoam-me no dia-a-dia
os meus sonhos assombram-me na noite de escuridão
não tenho o valor que custa para quebrar essa fantasia
que te lançaram e não te deixa atingir o clarão.

Os teus sentimentos resfriam com o amanhecer
que teme em mostrar a sua cor
com a tua falsidade voltas a fazer-me sentir e ver
a frieza de uns instantes em que volta a surgir a dor.

Inês

Desilusões disfarçadas?


Amizades verdadeiras?

Ou desilusões disfarçadas?

Uma coisa é certa

Andam sempre entrelaçadas…


Para muitos sou importante

Para outros nem existo

Aquilo que sei é

Por onde passo, conquisto!!


Agora percebi nada é por mal

Apenas sentida se sinto

Por palavras caladas no silêncio

Mas sei que nunca te minto


Cada momento é único

Bons ou maus são sempre perfeitos

Somos muito diferente mas…

Quem diz que não temos defeitos?


Amas quando eu te odeio

Choras comigo por nada

Sorris por tudo

E quando estou contigo fico encantada!!


Noémia Santos, Nº16 9ºD

Falsidades!

Em crianças num

Reino mágico vivemos

Tudo é perfeito, sem dor

Mentiras não queremos


Quando crescemos

Tudo em nós se desvanece

Em todos os dias

A dura realidade aparece


Mentiras, traições, falsidades

A cada palavra, tudo magoa

Mas no fim de tudo

A amizade, com o mundo, voa


Duplas faces dão cabo de mim

Crianças que fingem não pensar

Magoam-me, falsas todos os dias são

Mas calada não vou ficar


Afectar os outros com palavras

Sempre conseguem

Com prazer o fazem pois

Nunca crescem


Alvos fáceis preferem

Até ao dia que acabam sós

Porque todos evoluem e

Os mais fracos ficam em pó


Noémia simões

Saudade!

Com a partida

Nada faz sentido

Despedaçados ficamos

A pensar que tudo está perdido


Quando se perde alguém

Ganha-se a saudade

Agarrados ao passado ficamos

Lembramo-nos dos momentos de felicidade…


Há quem diga que

As lembranças partem o coração

Mas eu sei que

A saudade sentida nunca é em vão


Pensamentos todos temos

Quem parte será lembrado

Porque com eles vivemos

Um perfeito passado


Saudade é um sentimento estranho

De lembranças é feito,

Dolorosa ou talvez não

Todos a aceitam e…respeitam


Em ti penso a cada segundo

Todas as noites, contigo sonho

Dominas a minha mente!


Lágrima esquecida”

Por que partiste?


Porque te foste embora

Quando eu ainda precisava

Do teu colo, do teu amor?

Porque eu ainda acreditava…


Doente ficaste mas…

A esperança nunca morreu

Forte sempre foste

Mas a doença venceu.


Por ti rezava, chorava, suplicava

Queria-te de novo em casa

Depois de partires fiquei revoltada

Porque eu ainda acreditava.


Todos me dizem

Que foi o melhor

A sofreres estavas

Mas nunca esperava

Até hoje penso que é mentira.


À noite contigo sonho

No teu carinho penso, mas…

A mão na mente ponho

De mim te arrancaram

E eu impune fiquei

Talvez porque não te amavam

Como eu te amei…

“ Anjo sem asas”

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Haja paz, haja alegria,

Já começou um ano novo,
Haja muita poesia
Na alma do nosso povo.

Desde o Sul até ao Norte
Vamos todos caminhar
Por essa estrada da sorte
Doze meses sem parar.

Tenho plena convicção
Que este ano dois mil e oito
Não terá para a Nação
O sabor de um biscoito.

Não sustentem ideias falsas
Porque eu, até pressinto,
Para não perder as calças
Temos que apertar o cinto.

Cada vez mais baralhado
O povo até se acostuma
Mas o Zé, esse coitado,
Não acha graça nenhuma.

Ao Cantinho da Poesia
Mando a minha saudação,
Doze meses de alegria,
Muito amor no coração.

Mesmo que o ano seja rude
E nos traga algum transtorno,
Que Deus nos dê muita saúde
Alegria... e coza o forno

RAMA LYON

As Lágrimas

As lágrimas
são óleos que
cristalizam os
nossos olhos,
tornando-os cristais
que brilham na
aparente
insensibilidade
humana.
As lágrimas são
mensageiras do
tão sensíveis
que somos,
quando nos
deixamos sermos
humanos,
humanos na
empatia que
contradiz a
apatia da vida...
As lágrimas
nos dão lições que
nas emoções do
espírito abatido,
todos nós, nos
vestimos da
vestimenta da
humildade, nos
tornamos
criancinhas
ávidas de consolo
e de carinho
do nosso próximo.
As lágrimas nos
obrigam a
aprender a
compreender as
nossas
limitações,
enquanto pessoas
humanas,
dependentes de
um Ser Supremo.
As lágrimas são
uma nobre
expressão da
natureza humana,
livre das indiferenças
e das crenças que
desacreditam o
homem como ser
criado à imagem
do Deus
vivente.


Andreia Filipa da Costa Resende, nº 1, 7º G

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Poema de Amor

Esta noite sonhei oferecer-te o anel de Saturno
e quase ia morrendo com o receio de que não
te coubesse no dedo.


Jorge Sousa Braga

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Primeiro Dia

Bons propósitos

Hoje, que o ano começa,
e para que comece bem,
vou fazer uma promessa
ao meu pai e à minha mãe.

E para não a esquecer
e que ninguém me desminta,
nesta folha de papel
aqui fica escrita a tinta.

Prometo solenemente
não brigar com o meu irmão,
repartir com toda a gente
brinquedos, bolos ou pão;

ter sempre tanto juízo
quer de dia, quer de noite,
que nunca há-de ser preciso
apanhar nenhum açoite.

Se assim fizer, hei-de ter
muitos amigos e amigas
porque a amizade se pega
mais que o sarampo e as bexigas.

Maria Isabel de Mendonça Soares

domingo, 2 de janeiro de 2011

Desejos para o Novo Ano

Desejo

Desejo primeiro que você ame,
E que amando, também seja amado.
E que se não for, seja breve em esquecer.
E que esquecendo, não guarde mágoa.
Desejo, pois, que não seja assim,
Mas se for, saiba ser sem desesperar.

Desejo também que tenha amigos,
Que mesmo maus e inconsequentes,
Sejam corajosos e fiéis,
E que pelo menos num deles
Você possa confiar sem duvidar.

E porque a vida é assim,
Desejo ainda que você tenha inimigos.
Nem muitos, nem poucos,
Mas na medida exacta para que, algumas vezes,
Você se interpele a respeito
De suas próprias certezas.
E que entre eles, haja pelo menos um que seja justo,
Para que você não se sinta demasiado seguro.

Desejo depois que você seja útil,
Mas não insubstituível.
E que nos maus momentos,
Quando não restar mais nada,
Essa utilidade seja suficiente para manter você de pé.

Desejo ainda que você seja tolerante,
Não com os que erram pouco, porque isso é fácil,
Mas com os que erram muito e irremediavelmente,
E que fazendo bom uso dessa tolerância,
Você sirva de exemplo aos outros.

Desejo que você, sendo jovem,
Não amadureça depressa demais,
E que sendo maduro, não insista em rejuvenescer
E que sendo velho, não se dedique ao desespero.
Porque cada idade tem o seu prazer e a sua dor e
É preciso deixar que eles escorram por entre nós.

Desejo por sinal que você seja triste,
Não o ano todo, mas apenas um dia.
Mas que nesse dia descubra
Que o riso diário é bom,
O riso habitual é insosso e o riso constante é insano.

Desejo que você descubra ,
Com o máximo de urgência,
Acima e a respeito de tudo, que existem oprimidos,
Injustiçados e infelizes, e que estão à sua volta.

Desejo ainda que você afague um gato,
Alimente um cuco e ouça o joão-de-barro
Erguer triunfante o seu canto matinal
Porque, assim, você se sentirá bem por nada.

Desejo também que você plante uma semente,
Por mais minúscula que seja,
E acompanhe o seu crescimento,
Para que você saiba de quantas
Muitas vidas é feita uma árvore.

Desejo, outrossim, que você tenha dinheiro,
Porque é preciso ser prático.
E que pelo menos uma vez por ano
Coloque um pouco dele
Na sua frente e diga "Isso é meu",
Só para que fique bem claro quem é o dono de quem.

Desejo também que nenhum de seus afectos morra,
Por ele e por você,
Mas que se morrer, você possa chorar
Sem se lamentar e sofrer sem se culpar.

Desejo por fim que você sendo homem,
Tenha uma boa mulher,
E que sendo mulher,
Tenha um bom homem
E que se amem hoje, amanhã e nos dias seguintes,
E quando estiverem exaustos e sorridentes,
Ainda haja amor para recomeçar.

E se tudo isso acontecer,
Não tenho mais nada a te desejar.

Victor Hugo