Onzeneiro- Pois que
triste episódio
Acabei como Adão.
Diabo- Pois, Vossa Excelência
Quereis algo mais que a
vida terrena
Quereis lá tornar
Para semear maçãs?
Onzeneiro-Tende piedade
de mim
É só o que eu peço
Mais de dez moedas têm
eu
Mas não hás-de ficar
com elas…
É dinheiro que me
custou a ganhar…
Diabo- Vossa Excelência
enganou-se no verbo
Não é ganhar
Querias dizer: roubar.
Onzeneiro- Com a
infelicidade de outros durmo eu bem
Tiro algum a quem já
pouco tem
Aprendi esta arte desde
moço
E a ninguém deixo osso.
Diabo- Tenha a bondade
de entrar
A bordo e remar
Pois as terras de Lúcifer
O esperam…
Onzeneiro- Às terras do
mal, não hei de eu chegar
Nem que para isso
Vinte moedas tenham que
entregar
Diabo- Vossa Majestade
acha então
Que estou a profanar um
tal plano
Subi a bordo e hasteai
a vela
Porque hoje é dia de
festa.
Onzeneiro-Não hei de eu
ir aí
Nem que tenha que
subornar
Não vou remar
Chame um marinheiro
Diabo- Oh que gentil
recear…
Miguel Mendinhas, 9ºB