Sempre que morre um Poeta o Mundo fica mais pobre. O Universo da Palavra perde um dos seus artesãos.
A semana passada perdemos António Ramos Rosa, que, com 88 anos, continuava cheio de projetos de escrita.
A melhor homenagem que podemos fazer a um Autor é continuarmos a ler os seus trabalhos, tornando-o imortal.
Como leitoras, para os leitores deste blogue, aqui publicamos A Leitora de António Ramos Rosa.
A
leitora abre o espaço num sopro subtil.
Lê na violência e no espanto da
brancura.
Principia apaixonada, de surpresa em surpresa.
Ilumina e
inunda e dissemina de arco em arco.
Ela fala com as pedras do livro, com as
sílabas da sombra.
Ela adere à matéria porosa, à madeira do vento.
Desce pelos bosques como uma menina descalça.
Aproxima-se das praias
onde o corpo se eleva
em chama de água. Na imaculada superfície
ou na
espessura latejante, despe-se das formas,
branca no ar. É um torvelinho
harmonioso,
um pássaro suspenso. A terra ergue-se inteira
na sede
obscura de palavras verticais.
A água move-se até ao seu princípio puro.
O poema é um arbusto que não cessa de tremer.
António Ramos Rosa,
in "Volante Verde"
Este projeto começou na Escola Básica Frei Estêvão Martins, em Alcobaça e destina-se a todos os que veem o mundo através da Poesia. Hoje tem o tamanho do Agrupamento de Cister. Aqui todos os membros da comunidade escolar podem participar, escrevendo (com o seu nome ou usando um pseudónimo), lendo, enviando os poemas preferidos, participando nas atividades... Porque o mundo é mais bonito quando dito com palavras escolhidas!
segunda-feira, 30 de setembro de 2013
segunda-feira, 23 de setembro de 2013
Regresso à Poesia
Estamos de volta!
A segunda-feira é o dia de renovarmos os nossos votos com a semana de trabalho que devemos encarar também de forma poética.
Tentaremos sempre ter algo de novo para o início das tuas semanas!
Contamos contigo para produzir e divulgar as Palavras da Poesia.
E como todos temos fases...aqui fica um poema sobre tal.
LUA ADVERSA
Tenho fases, como a lua
Fases de andar escondida,
fases de vir para a rua...
Perdição da minha vida!
Perdição da vida minha!
Tenho fases de ser tua,
tenho outras de ser sozinha.
Fases que vão e vêm,
no secreto calendário
que um astrólogo arbitrário
inventou para meu uso.
E roda a melancolia
seu interminável fuso!
Não me encontro com ninguém
(tenho fases como a lua...)
No dia de alguém ser meu
não é dia de eu ser sua...
E, quando chega esse dia,
o outro desapareceu...
Cecília Meireles
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