sexta-feira, 29 de abril de 2011

Apenas TU

Estava sentada no jardim,
E para minha surpresa tu estavas ao pé de mim!
Já era tarde,
Mas tu nem estavas preocupado,
Estavas sorridente, estavas deslumbrado!

As horas tinham passado a correr,
Tu ainda estavas ali,
Só podia um sonho ser.

Não podia acreditar,
Naquelas palavras que acabaras de dizer,
Nem me deste tempo para responder
E começaste a beijar-me!

Agora não quero mesmo acordar
Tenho medo de o fazer,
Tenho medo de tudo um sonho ser
E quando despertar
Tu já não vais estar!

Elsa Silvestre nº7, 9ºD

terça-feira, 26 de abril de 2011

Para os alunos do 7ºA!

Filipe II
tinha um colar de oiro
tinha um colar de oiro
com pedras rubis.
Cingia a cintura
com cinto de coiro,
com fivela de oiro,
olho de perdiz

Comia num prato
de prata lavrada
girafa trufada,
rissóis de serpente.
O copo era um gomo
que em flor desabrocha,
de cristal de rocha
do mais transparente.

Andava nas salas
forradas de Arrás,
com panos por cima,
pela frente e por trás.
Tapetes flamengos,
combates de galos,
alões e podengos,
falcões e cavalos.

Dormia na cama
de prata maciça
com dossel de lhama
de franja roliça.
Na mesa do canto
vermelho damasco
a tíbia de um santo
guardada num frasco.

Foi dono da terra,
foi senhor do mundo,
nada lhe faltava,
Filipe Segundo.
Tinha oiro e prata,
pedras nunca vistas,
safira, topázios,
rubis, ametistas.

Tinha tudo, tudo
sem peso nem conta,
bragas de veludo,
peliças de lontra.
Um homem tão grande
tem tudo o que quer.
O que ele não tinha
era um fecho éclair.

Antonio Gedeão

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Para Recomeçar

Guia de conceitos básicos

Use o poema para elaborar uma estratégia
de sobrevivência no mapa da sua vida. Recorra
aos dispositivos da imagem, sabendo que
ela lhe dará um acesso rápido aos recursos
da sua alma. Evite os atolamentos
da tristeza, e acenda a luz que lhe irá trazer
uma futura manhã quando o seu tempo
se estiver a esgotar. Se precisar de
substituir os sentimentos cansados
da existência, reinstale o desejo
no painel do corpo, e imprima os sentidos
em cada nova palavra. Não precisa
de dominar todos os requisitos do sistema:
limite-se a avançar pelo visor da memória,
procurando a ajuda que lhe permita sair
do bloqueio. Escolha uma superfície
plana e deslize o seu olhar pelo
estuário da estrofe, para que ele empurre
a corrente das emoções até à foz. Verifique
então se todas as opções estão disponíveis: e
descubra a data e a hora em que o sonho
se converte em realidade, para que poema
e vida coincidam.

Nuno Júdice

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Sobre Mim: Um desafio

O poema de Clarice Lispector que nos foi enviado pela Elsa Silvestre, do 9º D, veio com a sugestão de criar uma nova rubrica (Etiqueta) com o título/tema "Sobre Mim". A sugestão da Elsa é que cada um escolha um poema com que se identifica, algo que parece que foi escrito para nós, sobre nós...
A rubrica já está criada e foi iniciada, obviamente, com o poema enviado pela Elsa.
Agora ficamos à espera de mais.
Muito agradecemos a sugestão que, para além de aumentar a dinâmica do blogue, prova que o tomam como um espaço mesmo vosso. E como esse era o nosso objectivo, ficamos, obviamente, felizes.
Obrigada!
(Nós também vamos pensar nos poemas que parece que foram escritos sobre nós).
Eu sou à esquerda de quem entra. E estremece em mim o mundo.
(...) Sou caleidoscópica: fascinam-me as minhas mutações faiscantes que aqui caleidoscopicamente registo.
Sou um coração batendo no mundo.
Faz teu pior p’ra mim te afastares,
Enquanto eu viva tu és sempre meu,
Não há mais vida se tu não ficares,
Pois ela vive desse amor que é teu.

Por que hei de temer grande traição
Se tem fim minha vida com a menor;
De vida abençoada eu sou, então,
Por não estar preso ao teu cruel humor.
Tua mente inconstante não me afecta,
Minha vida é ligada à tua sorte;
Como é feliz o fato que decreta

Que sou feliz no amor, feliz na morte!
Porém que graça escapa de temer?
Podes ser falso e eu nem sequer saber!


Clarice Lispector

poema enviado por Elsa Silvestre, 9ºD

Puxas pelo meu ser

Puxas do meu ser um sentimento
que acende como uma chama incandescente
corro para ti em sonhos que mostram o momento
em que voo para o teu colo livremente.

Neste jardim colho a mais bela flor
aquela que me conduz a uma esperança infinita
é nela que tento camuflar tamanha dor
a de uma vida a que o coração me limita.

Rasgas a página que pintava
um tempo em que tudo parecia perfeito
já não tenho aquela força a que me agarrava
já não tenho condições para viver deste jeito.

Atiro a última pedra que foi levada
por esta forte e indestrutível corrente
olhei o horizonte e vi que já nada
mas mesmo nada vai voltar a ser como antigamente.

Inês