segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Boas Festas!

As responsáveis por este blogue querem saudar todos os poetas que nos brindaram já este ano letivo com os seus trabalhos e desejar que tenham todos Boas Festas e Um Ano Novo muito poético, porque a Poesia é uma boa moldura para a Vida.

Esperamos que no 2º Período o nosso blogue continue a merecer o vosso interesse e colaboração.Mas antes de partirmos aqui fica uma bela mensagem de Natal dos alunos do 8º A à comunidade escolar.

A todos os nossos leitores:

Mensagem de Natal

O Natal chegou,
Não há que reclamar,
É uma época festiva,
Vamos todos celebrar.

O Natal é alegria,
Muita música e magia,
E em grande harmonia,
A paz vamos procurar.

Lá fora está frio,
Cá dentro está calor,
Reunimos a família,
 para sentir o grande amor.

A cultura vem de mão dada com a tradição,
Trazem-nos presentes a brilhar,
Vamos abrir o nosso coração,
E começar a partilhar.

Esta mensagem viemos deixar,
Coma mor e ternura,
Desejamos á comunidade escolar,
Um natal cheio de doçura !!!!!!!!                           

             Os alunos do 8ªA


BOAS FESTAS!

Se eu fosse...

Se eu fosse uma borracha apagava alguns erros da minha vida.
Se eu fosse um avião levava a minha família a conhecer o mundo
Se eu fosse o mar, trazia à minha família um mar de felicidades.
Se eu fosse um parafuso encaixava-me bem na cabeça de alguns colegas meus.
Se eu fosse um papagaio ajudava os professores a repetir as coisas aos alunos que não percebem.
Se eu fosse uma câmara de filmar filmava todos os erros que as pessoas cometiam para da próxima não os cometerem.
Se eu fosse um político metia respeito e ordem no país.
Se eu fosse uma mosca ia a casa dos professores ver as soluções dos testes.

Ana Beatriz, nº1, 6ºC

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Ó mar salgado, quanto do teu sal

Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!

Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.
 
Fernando Pessoa
Assinalou-se ontem a data da morte de Fernando Pessoa (1935)

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Tratado geral das grandezas do ínfimo


A poesia está guardada nas palavras — é tudo que eu sei.
Meu fado é o de não saber quase tudo.
Sobre o nada eu tenho profundidades.
Não tenho conexões com a realidade.
Poderoso para mim não é aquele que descobre ouro.
Para mim poderoso é aquele que descobre as insignificâncias (do mundo e as nossas).
Por essa pequena sentença me elogiaram de imbecil.
Fiquei emocionado.
Sou fraco para elogios.
Manuel Barros (1916-2014)

Faleceu recentemente o poeta brasileiro Manuel Barros. 
Aqui deixamos um tributo à sua memória.
O melhor tributo que podemos fazer a um escritor é ler e divulgar as suas palavras.

Eletrocardiograma

A vida é como um eletrocardiograma
Com inúmeros altos e baixos.
Na vida nós procuramos a estabilidade
mas tentamos evitar aquele monótono
traço contínuo que apaga a chama
que nos eleva e nos faz sucumbir.
Procuramos a paz interior, procuramos o
amor.
Estranho sentimento esse amor.
Nada acontece por acaso e na vida
cada segundo que vivemos,
com esta nossa chama querida,
faz com que nos apercebamos
que há que viver a vida...
...porque o sol ilumina os
mortais, porque os defuntos
não incomodam nunca mais.

Miguel Venceslau (8ºF)

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Poesia Pedagógica

Hoje temos um poema da Professora Maria Helena Mateus, que nos deu a honra de ceder este texto para o nosso blogue, ainda antes da publicação.
Ora leiam e vejam lá se não é mesmo assim:

Poesia Pedagógica

Movimento que é pensado
Resulta de outra maneira
Raciocinas, elaboras,
Tens a fórmula mais certeira

Tu movimentas teu corpo
Numa dada direcção
Vais distraído, não pensas,
Sujeitas-te ao trambolhão...

Na Escrita, passa-se o mesmo:
Estás desatento, e então?!...
Como sofrem as palavras...
Trocas os bês pelos vês
As sílabas sofrem também,
Em vez de Ei, escreves Ai,
Pões acentos que não são,
Um novo Acordo Ortográfico,
Mas que grande confusão!

E na Leitura é igual,
Tenta ler com expressão,
Pronuncia, lê com calma,
Do texto, entendes o conteúdo,
Respira na Pontuação!

Ler em voz alta, faz bem,
A voz transmite Emoção!
Todos vão gostar de ouvir-te,
Imagina-te locutor
De Rádio ou televisão!

Estás nervoso, atormentado?!
Fecha os teus olhos...Relaxa...
Respira profundamente...
Sente o teu corpo pesado,
Desprende o que te apoquente!

Perdoa qualquer ofensa,
Ao Mundo que te rodeia,
Analisa-te e revê-te...
Tranquiliza a tua mente
Germina em ti a Harmonia,
Essa é a Boa semente.

Em qualquer área da Vida,
É útil esta Atitude:
Vendo os Outros como Irmãos,
Trabalhando a Compreensão
Expandimos a Humanitude.

Poesia baseada na Terapia Psicomotora
Janeiro de 2014

Maria Helena Mateus da Silva

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Amor

O amor é uma doença...
que nos corrói até às entranhas
fazendo-nos sofrer até mais não.
Pior ainda, quando não é correspondido
porque sentimos que o mundo está acabado
e que ficamos sozinhos, solitários para sempre.
Há quem diga que amar é bom
que nos faz felizes por dentro, e
rejuvenescidos por fora.
Que causa em nós tal sensação de
alegria, nostalgia e paixão.
Paixão ardente, que nos aquece no
dia mais quente do inverno.
Mas causa tanta dor como a pior facada
nas costas.
Causa desgosto e amargura na pessoa
mais gentil daquele reino distante dos sentimentos.
Enfim...O que se pode dizer do amor?
Há que sentir, amar para se amar e ser amado
É uma dança que se dança a dois.
Perguntem a Pedro e Inês...

Miguel Venceslau, 8ºF

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Cecília e os cavalinhos de Deli

Voa, Cecília, voa com as tuas asas de vento,
seguindo o rasto nocturno dos cavalinhos de Deli,
nesse galope que te leva até à fonte mais secreta
dos sonhos da infância, dos diamantes da memória.

Voa, Cecília, voa com esse vagar de menina,
tecendo a seda dos versos com o carinho
das palavras encantadas, com o rumor
dos sentimentos que a alma oculta em si.

Voa, Cecília, voa por essas Índias sonhadas
onde o mistério das cores se confunde
com o dos livros ainda por escrever
e leva contigo os cavalinhos de Deli,
irmãos dos poetas e dos encantadores de sombras
que se tornam cúmplices da luz
sempre que acordamos, sôfregos de som,
com um destino inteiro por cumprir,
assim como quem canta, assim como quem vive.

Poema de José Jorge Letria (poeta português) dedicado a Cecília Meireles (poetisa brasileira).

Este poema foi retirado de um livro de poesia que existe na nossa biblioteca. Chama-se Poemas e com Animais e está à espera que tu lá vás ler mais.

Podes também pesquisar sobre Deli para perceber porque esta cidade, sendo real, aparece como um lugar mágico.

Boas leituras!

Os Animais

A tartaruga e o caracol
são animais lentos
e o canto do rouxinol
que canta ao som dos ventos

O cavalo e a vaca
bebem água fresquinha
comem ervas e palha
enchem bem a barriguinha

O leão e o macaco
selvagens eles são
uns que querem carinho
são o gato e o cão

Há milhares de anos desapareceram
dinossauros pré-históricos, eles são
animais que morreram
e não ficaram num caixão

Há tantos animais
por onde posso escolher
muitos, muitos mais
que alguns não são para comer

Com bonitos animais
acaba este poema
ainda há muitos mais
só que escolher é um dilema

Melissa Vasco, nº19, 6º C

terça-feira, 7 de outubro de 2014

Poema da natureza

As flores brilham pela manhã
E eu recuso um casaco de lã
As árvores mexem com o vento
Mas o caracol continua lento.

As estrelas deixam o céu estrelado
E a lua voa ao seu lado.
O sol brilha
Enquanto mastiga pastilha.

O cão ladra
Enquanto eu faço uma quadra
O rato rói um queijo
Enquanto eu peço um desejo.                                                                                                                        
Mariana Líbano Nº 17 e Mariana Soares Nº 18 do 6º C

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

ANO LETIVO 2014/2015

Um pequeno poema, escrito há já muitos anos, sobre ensinar e aprender, que é o que se faz na Escola.
Aqui fica, pois, desejando a todos (nós) um bom ano letivo 2014/2015.

Canário Assistente

Ao lado dos dois pianos
assiste à lição da menina.

É generoso com o velho
professor. E cantando
também ele ensina tudo o que sabe.


António Osório

segunda-feira, 26 de maio de 2014

Como o terrorismo destrói a Humanidade

Para mim,o maior problema do mundo
terá de ser o terrorismo
por causa de discórdias,
do ódio e do racismo.

Origem de guerras
problema antigo e fundo
perto de nós
e em todo o mundo.

Os que o praticam
pelo ódio foram consumidos
destruidores de lares
homens perdidos.

Pessoas más há em todo o lado
de Arábia Saudita a Zimbabué
mas os terroristas
são corpos malvados sem alma e fé.

São a raiz morta da Terra
envenenam a sociedade
com mentiras e balas
escondem a verdade.

Há muito existem
desde a mais antiga idade
estão escondidos nos becos
e estão na tua cidade.

Não sei se gostam
de provocar dor e criar o pandemónio
não tenho a certeza sobre quem são
para além de terem os olhos vazios do demónio.

Quero que desapareçam
que sejam apagados da Humanidade
e espero um dia crescer e ser bom
para proteger a nossa cidade.

Bruno Amado, 7ºG

O Racismo

A vida é feita de cores,
que todos podemos explorar.
O mundo é feito de terras
com muito para dar.

Gosto de ti assim
por mim, não tens de mudar
branco, negro, amarelo
todos podem triunfar.

Não importa se és daqui, dali ou de além
Contigo do meu lado,
eu sinto-me bem.

Todos iguais, todos diferentes,
não há nada que enganar,
não é por seres de outra cor,
que te vou desrespeitar.

Neste mundo cruel,
com muito temos de lidar.
O racismo é uma coisa má
que juntos podemos mudar.

Podes ser diferente de mim
posso ser diferente de ti.
Eu sou branco,tu és negro,
sou feliz assim!

Cada um é como é
Feitio, raça, religião
cada um tem os seus ideais,
cada um tem a sua paixão.

Se precisares de mim, estou aqui
É só chamar
se quiseres o meu apoio,
não te vou julgar.

E assim é o nosso mundo
onde todos podemos morar
assim é o nosso mundo
que todos podemos melhorar.


Susana 7º F

segunda-feira, 19 de maio de 2014

O Cavaleiro da Dinamarca

Cavaleiro corajoso
Tiveste que a tua família abandonar
Por um caminho perigoso
Para à Palestina ir rezar

Depois quando lá chegaste
Começaste a rezar
E todos os lugares Santos
Foste visitar

Depois foste ver
A cidade da beleza
Acompanhado pelo teu grande amigo
O Mercador de Veneza

Lá também ouviste a narração de Vanina
História de amor intensa
Seguiste o conselho do teu amigo
E foste parar a Florença

Ficaste espantado com tanta sabedoria
Florença era deveras impressionante
Na casa do Banqueiro,Averardo
Ouviste a história de Giotto, Cimabué e Dante

Em Génova não arranjaste barco
E lá se foram as alegrias
Continuaste a viagem a pá
E ouviste a história de Pêro Dias

Malchegaste à floresta
A casa começaste a procurar
Encontraste-a por causa do pinheiro
Que os anjos estavam a iluminar.

Trabalho realizado, na disciplina de Português,por:
Bruno Luis Pires Amado, nº4, 7ºG
Luis António Neves Neto, nº14, 7ºG

O Menino do Lapedo

Após o estudo deste tema na disciplina de História,uma aluna sentiu-se inspirada para escrever um poema.

Muitos são aqueles que se questionam
sobre o verdadeiro significado,
os cientistas muito estudam
para ter tudo explicado.

O Menino do Lapedo
era ainda uma criança
que subiu para o Rochedo
enquanto pulava e avançava.

Atrás de um pássaro saltava
com grande movimento
e contente porque avistava
de longe o seu acampamento.

Todo Feliz corria,
atrás da plumagem colorida
pelo ar subia
numa brincadeira divertida.

Até que o chão desapareceu
e os pais aflitos, corriam
para ver o que aconteceu
surpreendidos com o que viam.

O rapaz dava agora de beber
o seu sangue à terra.
Os pais sempre a correr
sem saber o que fazer.

Com gritos, choros, lamúrias
preparavam-se para o funeral
manifestando a sua dor
de alma, é natural.

Uma história possível e triste
sem explicação, sem acabar.
Afinal, ninguém resiste
à morte de um familiar.

Carolina Fernandes, nº 6 do 7º G

segunda-feira, 5 de maio de 2014

A Poesia

A poesia é uma alegria
uma magia
que ilumina quem lê, crê, vive, sobrevive
nas ruas da capital,
sua terra natal
onde nasceu e irá morrer.

Miguel Venceslau, 7ºF

Ser Poeta é...

Exprimir o que se sente,
o que se passa através de simples palavras.
Dar asas à imaginação,
escrever com letras encantadas
e fazer sonhar.
Com os versos saber brincar.
Viver rodeado de fantasia.
Redigir com a alma,
de noite e de dia.
Desejar um mundo diferente
usando uma preciosa imaginação.
Escrever poemas e poemas
e sentir com grande emoção.
Ser autor, ter paixão e um grande amor,
sentir a alegria de criar.
Algo fora deste mundo, imaginar,
tornar uma história triste, numa canção de alegria.
Ter liberdade de imaginar
e escrever uma grande poesia.

7ºG (Poema coletivo)

segunda-feira, 28 de abril de 2014

Alma na rua

Céu colapsado
sangue na rua
quando despida
minha alma fica nua.

É profundo o sentimento
quando a tinta corre com conhecimento
na rua a alma a fugir
na folha letras a surgir.

É a vida da alma na rua
que imagina além da imaginação
cavaleiro que ergue a espada
com nobreza no coração.

Miguel Venceslau  7º F

Poesia é...

Imaginar o que nos vai na alma
Ouvindo o bater do coração em cada palavra.
O respirar das letras que se escrevem
Algo que se sente, que se expressa
E que se escreve com alma,
Dando asas à imaginação.
A canção das letras que paira na folha
Como uma nuvem no céu,
Que ilumina o infinito da nossa alma.
Ser mais poderoso que tudo
Atribuindo novos significados às palavras,
Transmitindo sentimentos e pensamentos.
A poesia é um conjunto
Que traduz emoções.

Poema coletivo do 7º F

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Mais variações sobre Gil Vicente

Onzeneiro- Pois que triste episódio
Acabei como Adão.

Diabo- Pois, Vossa Excelência
Quereis algo mais que a vida terrena
Quereis lá tornar
Para semear maçãs?

Onzeneiro-Tende piedade de mim
É só o que eu peço
Mais de dez moedas têm eu
Mas não hás-de ficar com elas…
É dinheiro que me custou a ganhar…

Diabo- Vossa Excelência enganou-se no verbo
Não é ganhar
Querias dizer: roubar.

Onzeneiro- Com a infelicidade de outros durmo eu bem
Tiro algum a quem já pouco tem
Aprendi esta arte desde moço
E a ninguém deixo osso.

Diabo- Tenha a bondade de entrar
A bordo e remar
Pois as terras de Lúcifer
O esperam…

Onzeneiro- Às terras do mal, não hei de eu chegar
Nem que para isso
Vinte moedas tenham que entregar

Diabo- Vossa Majestade acha então
Que estou a profanar um tal plano
Subi a bordo e hasteai a vela
Porque hoje é dia de festa.

Onzeneiro-Não hei de eu ir aí
Nem que tenha que subornar
Não vou remar
Chame um marinheiro

Diabo- Oh que gentil recear…


Miguel Mendinhas, 9ºB

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Confissão do Sapateiro



Bem, meu Deus nunca roubei
Nem assassinei
e nem a minha mulher “adulterei”

Renuncio ao baptismo
Em remissão dos pecados
Nunca roubei tudo
Foi só um bocado de cada vez…

Rezei muito a Deus e a Maria
Sabia lá eu que quando morresse
Com nada ficaria
E que as orações não me serviriam?!

Não compreendo:
Não é pagar muito
Um par de sapatos, 80 reis
O preço é baixo
E felizes os demais.

Sempre pensei que muito podia pecar
E depois, era só falar
Com o padre e me confessar
O prior dizia
“Meu filho”, um Pai Nosso e duas Avé Marias vais ter de rezar.

Eu rezava no dia seguinte
Mas já novamente pecava.
Mas que triste fim
Eu vim ter
E na barca do inferno
Vou eu agora embarcar.

Entro agora na barca
Com a corda ao pescoço
Castigo merecido
Para quem tudo come
E nem deixa osso

Tenho falta de juízo
Para a minha idade
É tão verdade.


Miguel Mendinhas, 9ºB


segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

De Gil Vicente aos dias de hoje...




No âmbito do estudo da obra "Auto da Barca do Inferno" de Gil Vicente, foi solicitada a produção de textos alusivos às cenas analisadas.
Como alguns alunos optaram pela Poesia para realizar os seus trabalhos, considerámos que estes poderiam abrilhantar este espaço.
Aqui ficam, então...


Inferno, 18 de Fevereiro de 1518

Meu caro amigo,
Padre fui, marido também,
um bom fiel fora,
a partir de ontem não fui além
pois morreram muito má hora.
Vim parar a um cais
e do nada apareci,
ao lado de uma barca,
infernal destino que mereci.
Tive a oportunidade
de poder falar
e através desta carta
o teu destino irás salvar.
Evita o mal,
pratica o bem,
E na barca da Glória
irás para o Além.
Roubar é errado,
o adultério também,
Não faças como eu
que o pratiquei com mais de cem.
Vou ter que me despedir,
desejar que não erres,
E com os teu filhos não berres.

O teu grande amigo,
Frade...
    João Serrano, 9ºB FEM


segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Aqui ficam dois belos poemas de dois autores portugueses, eternos nas suas palavras...

Todas as cartas de amor…
Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.
Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.
As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.
Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.
Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.
A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.
(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)
Fernando Pessoa



Identidade


Matei a lua e o luar difuso.
Quero os versos de ferro e de cimento.
 E em vez de rimas, uso
As consonâncias que há no sofrimento.
Universal e aberto, o meu instinto acode
 A todo o coração que se debate aflito.
E luta como sabe e como pode:
Dá beleza e sentido a cada grito.
 Mas como as inscrições nas penedias
Têm maior duração,
 Gasto as horas e os dias 
A endurecer a forma da emoção.


Miguel Torga