segunda-feira, 18 de novembro de 2013

A tua voz é suave como um beijo

A tua voz é suave como um beijo
Nela me perco de emoção
Quando falas comigo
Mal sinto o coração.

Quando sorris para mim
Parece que fico sem chão
O mundo é tão grande
Mas contigo parece anão.

Quando olhas para mim
Deves querer matar-me de paixão
A curva dos teus olhos
Abraça o meu coração.

Esse brilhar de olhos
Faz querer-me mais e mais
Não sei se vou conseguir resistir
Pois esses olhos são fora do normal.

Quando estou contigo
E te encho de abraços
Fico nervosa, pois é muita responsabilidade
Segurar o meu mundo nos braços.

Sei que posso cuidar de ti
E fazer-te mais feliz
Nós os dois
Todo o dia a comer amendoins.

Quando cá estiveres
Temos muita coisa para resolver
Porque és bastante importante
E não te posso perder.

Bem, vou terminar por aqui
Só quero que percebas
O quanto és importante para mim

Ângela Baptista, nº4, 9ºC

O teu cheiro é como uma flor

O teu cheiro é como uma flor
acabada de acordar.
A tua voz é suave como um beijo
dado ao deitar.

O teu sorriso é como um raio de sol
Embatendo no mar.
Eu sonho contigo toadas as noites ao luar
Pensando em te beijar.

Tu és a ilha dos meus sonhos
a lagoa por onde andei
És o meu tesouro
Só para te poder encontrar.

Os teus cabelos loiros
Na noite de lua cheia
Faz-me parecer um lobo,
Rei na minha alcateia.

Ricardo Coelho, nº 20 9ºC

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Ausência

Por muito tempo achei que a ausência é falta. 
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus
[braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.


Carlos Drummond de Andrade

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Da Felicidade

Quantas vezes a gente, em busca da ventura,
Procede tal e qual o avozinho infeliz:
Em vão, por toda parte, os óculos procura
Tendo-os na ponta do nariz!


Mário Quintana

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Os mais jovens Poetas

Um exercício de produção poética a partir do seguinte poema:

Os meus cinco sentidos

Meus olhos já veem o verde do mar
e afagam as ondas onde quero ir nadar.

Minhas mãos tocam pedras macias, redondas,
que eu atiro depois para o meio das ondas.

Meus ouvidos escutam o marulho das águas
que ecoa num búzio trazido pelas vagas.

Minha língua já prova a água salgada
e a seguir quer um doce para ficar sossegada.

Traz-me a brisa ao nariz um cheirinho a maresia
e eu já corro para o mar onde mora a alegria.

João Pedro Mésseder, Era uma vez outra vez,Porto Editora, 2007

O Henrique Rodrigues escreveu:

Meus olhos já veem o céu a brilhar
onde estão as estrelas a descansar

Minhas mãos tocam nas nuvens fofinhas
que baloiçam muito queridinhas

Meus ouvidos escutam os astros no universo
e caminham no céu disperso

Minha língua já prova a lua bem cheia
que ilumina a minha meia

Traz-me a brisa ao nariz um cheirinho a perdiz
até a estrela polar se ri

O Xavier Rodrigues escreveu:

Meus olhos já veem o azul do céu
onde as gaivotas passam a voar

Minhas mãos tocam nas rochas molhadas
onde passeiam os caranguejos

Meus ouvidos escutam o barulho do mar
num búzio perdido no mar

Minha língua já prova o sal do mar
que tempera a comida

Traz-me a brisa ao nariz um cheirinho a ar fresco
e eu encho os meus pulmões

Parabéns aos jovens Poetas!


segunda-feira, 30 de setembro de 2013

A Leitora

Sempre que morre um Poeta o Mundo fica mais pobre. O Universo da Palavra perde um dos seus artesãos.

A semana passada perdemos António Ramos Rosa, que, com 88 anos, continuava cheio de projetos de escrita.

A melhor homenagem que podemos fazer a um Autor é continuarmos a ler os seus trabalhos, tornando-o imortal.

Como leitoras, para os leitores deste blogue, aqui publicamos A Leitora de António Ramos Rosa.


A leitora abre o espaço num sopro subtil.
Lê na violência e no espanto da brancura.
Principia apaixonada, de surpresa em surpresa.
Ilumina e inunda e dissemina de arco em arco.
Ela fala com as pedras do livro, com as sílabas da sombra.

Ela adere à matéria porosa, à madeira do vento.
Desce pelos bosques como uma menina descalça.
Aproxima-se das praias onde o corpo se eleva
em chama de água. Na imaculada superfície
ou na espessura latejante, despe-se das formas,

branca no ar. É um torvelinho harmonioso,
um pássaro suspenso. A terra ergue-se inteira
na sede obscura de palavras verticais.
A água move-se até ao seu princípio puro.
O poema é um arbusto que não cessa de tremer.

António Ramos Rosa, in "Volante Verde"


segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Regresso à Poesia



Estamos de volta!
A segunda-feira é o dia de renovarmos os nossos votos com a semana de trabalho que devemos encarar também de forma poética.
Tentaremos sempre ter algo de novo para o início das tuas semanas!
Contamos contigo para produzir e divulgar as Palavras da Poesia.

E como todos temos fases...aqui fica um poema sobre tal.

LUA ADVERSA


Tenho fases, como a lua 
Fases de andar escondida, 
fases de vir para a rua... 
Perdição da minha vida! 
Perdição da vida minha! 
Tenho fases de ser tua, 
tenho outras de ser sozinha. 

Fases que vão e vêm, 
no secreto calendário 
que um astrólogo arbitrário 
inventou para meu uso. 

E roda a melancolia 
seu interminável fuso! 
Não me encontro com ninguém 
(tenho fases como a lua...) 
No dia de alguém ser meu 
não é dia de eu ser sua... 
E, quando chega esse dia, 
o outro desapareceu...



Cecília Meireles

segunda-feira, 20 de maio de 2013

A carta



Escrevo-te estas mal traçadas linhas, meu amor
Porque veio a saudade visitar meu coração
Espero que desculpes os meus erros por favor
Nas frases desta carta 
que é uma prova de ternura
Talvez tu não a leias mas quem sabe até darás
Resposta imediata me chamando de meu bem
Porém o que me importa
é confessar-te uma vez mais
Não sei amar na vida mais ninguém

Tanto tempo faz,
que li no teu olhar
A vida cor-de-rosa que eu sonhava
E guardo a sensação
de que já vi passar

Ao me apaixonar,
por ti não reparei
Que tu tiveste só entusiasmo
E para terminar, amor assinarei
Da sempre tua deusa 

Tânia Palma, 8º C

Vazio


Existe um vazio e uma pergunta no ar 
Provocados por essa ausência misteriosa.
Passam-se os segundos, minutos, horas,
Dias, semanas... e continua o silêncio.
Pensamentos diferentes vão e voltam,
Num remoinho de emoções ocultas
Que buscam e rastreiam brilhos
Em busca de descobrir o por quê?
Causa que possa tentar explicar
Essa ausência de provas
Aceitáveis, claras e apreciadas,
Que saiam o efeito de acalmar
A aflição, agonia e desgraça
Dessa triste e longa espera, 
Que parece não acabar...
Mas isto tem que acabar!
Esse silêncio comprova
Que a resposta existe,
E só falta aceitar
Que o fim chegou.
Sem palavras.
É só o fim.
O fim.


Tânia Palma, 8ºC

A recordação magoa tanto!!!


A recordação magoa tanto!!!
Parece que o céu nunca mais será azul
Desde que foste embora e levaste
A minha alma com o teu coração...
O meu sorriso perdeu-se algures
Pelo chão que já pisaste
E que hoje percebo que foi o meu coração!
Partiste e não deixaste nada...
Só a dor da tua ausência
O desespero de não ouvir a tua voz
O sofrimento de sonhar contigo a cada hora
E a incompetência de me voltar a levantar da cama todos os dias...

Olho para o presente e percebo que
Dói demais!
Olho para o futuro e sei que
Não te verei mais!
Olho para o passado e penso que
Quero mais!

Mas percebo que aquilo que um dia existiu
E nos uniu
Já não tinha mais asas para voar...
Alguém as cortou e com elas
Cortou os meus sonhos...
Já não consigo viver...
Só recordo, só choro
Só penso se tudo existiu...
Ou se foi mais uma partida da minha imaginação.
Recordo o silêncio da tua mão pousada na minha
Recordo e choro...



Tânia Palma, 8º C

segunda-feira, 29 de abril de 2013

Filosofia do sucesso


Se você pensa que é um derrotado,
você será derrotado.
Se não pensar “quero a qualquer custo!”
Não conseguirá nada.
Mesmo que você queira vencer,
mas pensa que não vai conseguir,
a vitória não sorrirá para você.

Se você fizer as coisas pela metade,
você será fracassado.
Nós descobrimos neste mundo
que o sucesso começa pela intenção da gente
e tudo se determina pelo nosso espírito.

Se você pensa que é um malogrado,
você se torna como tal.
Se almeja atingir uma posição mais elevada,
deve, antes de obter a vitória,
dotar-se da convicção de que
conseguirá infalivelmente.

A luta pela vida nem sempre é vantajosa
aos fortes nem aos espertos.
Mais cedo ou mais tarde, quem cativa a vitória
é aquele que crê plenamente
Eu conseguirei!
Napoleon Hill
Eu nunca pensei amar assim alguém
como te amo a ti(...)

Tu és o meu porto de abrigo
Eu só sonho contigo
E é contigo que eu quero estar,
Tu és o meu ombro amigo,
Ficar sem ti não consigo
E nada nos vai separar.

Por vezes temos discussões,
Tal como toda a gente tem
Dizemos coisas sem pensar,
Não ouvimos mais ninguém.

É nestes momentos que percebo
Que sem ti não sou ninguém
É nesse momentos em que ficamos bem
Que sei que nunca amei ninguém
Como tu...

Tânia Palma 8º C



sexta-feira, 12 de abril de 2013

Quando a gente ama alguém de verdade


Quando a gente ama alguém de verdade
Esse amor não se esquece
O tempo passa, tudo passa, mas no peito
O amor permanece
E qualquer minuto longe é demais
A saudade atormenta
Mas qualquer minuto perto é bom demais
o amor só aumenta

Vivo por ele
Ninguém duvida
Porque ele é tudo
Na minha vida

Eu nunca imaginei que houvesse no mundo
Um amor desse jeito
Do tipo que quando se tem não se sabe
Se cabe no peito


Mas eu posso dizer que sei o que é ter
Um amor de verdade
E um amor assim eu sei que é pra sempre
É pra eternidade

Quem ama não esquece quem ama
O amor é assim
Eu tenho- me esquecido de mim
Mas d'ele eu nunca me esqueço

Por ele esse amor eterno
O amor mais bonito
É assim nosso amor sem limite
O maior e mais forte que existe

Tânia Palma, nº21- 8ºC

Um Mundo de Sonho




Deslizo pelas rugas dos lençóis,
O lume do dia
Vem brincar sobre o teu corpo.
Olho-te…Espero-te…
Saímos,
Povos exploradores,
Com vontade de descobrir esconderijos
Torná-los nossos.
Naquela loucura infantil
Característica dos amantes.
Conduzida por Ti, trago ruelas
Calculo plataformas a dourar ao sol
Dirigimo-nos ao mar
Sabes sempre,
Adivinhas sempre, onde quero estar!
Sol, areia e salpicos salgados.
Envolto pelas lágrimas marinhas,
Refletes-te em mil pedaços,
Cada qual com o seu brilho,
A sua cor…
As minhas mãos procuram as tuas,
Querem entrelaçá-las, guardá-las…
Hoje, tenho as tuas gargalhadas,
Enfraquecidas na brisa fresca que teima em brincar com os meus cabelos.
Os raios de sol vêm,
Suavemente,
Despedir-se de nós….
Deslizo pelas rugas dos lençóis
E, acordo d’um dia perfeito
No sonho de uma noite.


Tânia Palma, nº 21

terça-feira, 2 de abril de 2013

Tenho medo


Tenho medo!!!
Da vida, um dia, deixar de admirar
De não ver, apenas olhar
De que os olhos olhem sem brilhar
E com as pessoas que gosto, não mais me importar...

Tenho medo!
Da poesia não conseguir mais rimar
Do meu canto não mais afinar
De ter que me resignar a calar
E os sentimentos nem ter mais pra esconder...


Tenho medo!
Da esperança, discordar
De andar triste a tremer
De me deixar agir
E não ser dona nem do meu caminhar...

Tenho medo
De sentir o sol a arrefecer
De parar de viajar
De olhar o céu e o mar
E não sonhar!

Tânia Palma 8ºC

Não vamos chorar...





Não vamos chorar...
Vamos sonhar!
Não vamos mentir...
Vamos sorrir!
Não vamos fingir...
Vamos sentir!

Para quê estas lágrimas?
Se a tristeza não alimenta
Apenas faz com que aumente
Esta dor que atormenta.
Respira, fecha os olhos... Ri!
És tu mesmo, és verdadeiro
Nada teu vai excluir o que és
Porque és autêntico, inteiro.

Pensa... Nada vale mais que o teu sorriso
Nem que o brilho do teu olhar.
Não tenhas medo de viver...
Deixa-te pelos sonhos levar!

Tânia Palma 8ºC

sexta-feira, 22 de março de 2013

Dia da Poesia

"O poeta não quer duplicar o mundo
não quer fazer dele uma cópia:

...
 Luta com a palavra
como Jacob lutou com o anjo
mas a escada que ele sobe
conduz a outras alturas
a outras planuras

É assim que o poeta
palavra por palavra
como pedra sobre pedra
constrói o edifício do poema

E a sua mão
robótico instrumento comandado
pela algébrica lógica do sentido oculto
produz
deve produzir
o que o mundo não tem
o que o mundo não diz
o que o mundo não é."
 

ANA HATHERLY, in A IDADE DA ESCRITA (Ed. Tema, 1998)

quinta-feira, 21 de março de 2013

Pus o meu sonho num navio

Aqui fica um bonito poema sugerido por Tânia Palma do 8º C.

Pus o meu sonho num navio
e o navio em cima do mar;
depois, abri o mar com as mãos
para o meu sonho naufragar.

Minhas mãos ainda estão molhadas
do azul das ondas entreabertas,
e a cor que escorre de meus dedos
cobre as areias desertas.

O vento vem vindo de longe,
a noite curva-se de frio,
debaixo da água vai morrendo
meu sonho, dentro de um navio...

Chorarei quando for preciso,
para fazer com que o mar cresça
e o meu navio chegue ao fundo
e o meu sonho desapareça.

Depois, tudo estará perfeito;
praia lisa, águas ordenadas,
meus olhos secos como pedras,
e as minhas mãos quebradas.

Cecília Meireles

Escondido na minha alma

Um mistério está escondido na minha alma
Chama-se amor
Um sentimento maior

És a minha principal vontade de viver
Nunca te vou esquecer
Desde o primeiro dia em que te vi
A tua linda cara nunca esqueci.

Não posso passar sem ti
Para sempre vou amar-te
E sentir o coração a palpitar.

Não tenho palavras suficiente para exprimir o que sinto
No entanto, para ti sempre estarei aqui.

Ruben Lima 8º C

No âmbito da Semana da Leitura, os alunos do 8º C produziram acrósticos cujo tema foi o mar. Estes trabalhos ficaram expostos na biblioteca da escola. Aproveitem e mergulhem nesta brisa de palavras.

Mar, lindo mar
Adoro quando bates com as ondas na areia e
Rio de felicidade.

Amo o som das ondas que
Refletem nos meus olhos e
Tento não olhar para o
Espelho do Sol a bater no mar.


 Vasco Oliveira nº26 8ºC
  Pavlo Rudchuck nº18 8ºC


Leio as ondas e
Escrevo a praia
Respeito o sol que me ilumina

Adoro fazer coisas para
Zelar pelo habitat dos
Ursos pardos e
Leões marinhos.

 
  Vasco Oliveira nº26 8ºC
                                                     
 Pavlo Rudchuck nº18 8ºC



Mar é arte
Arte é mar
Revolvendo as águas do oceano em busca da liberdade

Abraçando as ondas impiedosas
Remando sem ter fim
Tão belos paraísos encontrando
Entre dias e noites buscando.

Alváro António nº2 8ºC



Mar é obra de arte
A água a sua tela
Renascendo de forma bela

Antes era desconhecido
Raramente a encontrava
Trazia uma energia
Ela me apaixonava

António Justiniano nº5 8ºC
Tiago Gonçalves nº22 8ºC

Ler é maravilhoso
E fabuloso como o mar
Revolvendo as areias do luar

A arte é como o mar
Zelando pelo natural
Usando o vento para ajudar
Levando consigo o seu areal

António Justiniano nº5 8ºC
Tiago Gonçalves nº22 8ºC

Marés violentas, mulheres preocupadas
Algazarra no mar, medo em terra
Rochas com pérolas, diamantes escondidos

Amores por vir, tristezas por irem
Riquezas vêm com as ondas
Tragédias desconhecidas,
E sempre que precisarmos, a companhia do mar, para nos alegrar.

Inês Santos nº11 8ºC
Mara Inácio nº15 8ºC

Ler, olhar, observar, tudo para
Escrever o quanto é belo o mar
Relembrar momentos bem passados

Azul é o céu, assim como o mar
Zelam pelo beleza das ondas
Ultrapassa qualquer coisa, imaginar o quanto é brilhante o fundo do mar
Letras espalhadas pelas algas, sonhos perdidos nas marés.

Inês Santos nº11 8ºC
Mara Inácio nº15 8ºC

Léguas sem fim
Encontrando tua vasta história
Respirando o teu azul

Andando sem de stino
Ziguezagueando com a força do teu corpo imenso
Único que ninguém supera
Lamento a tua perda, despedindo-me
 André Ferreira Nº3 8º C

Manejavam os navios
À procura de
Regresso

Ajudavam Portugal
Remando contra a maré
Tentando acreditar e
Esperando no regresso.
   Tomás Dinis  Nº24 8ºC

Lindo é o mar
E sempre azul
Radiante são as suas ondas

Aventurando-se por entre o mar
Zelam pela vida
Único é o mar
Lindas são as ondas.
  Alexandra Agostinho Nº1 8ºC

Mar é liberdade
Atravessa o espírito dos seus amantes
Refletindo o orgulho dos seus comandantes

Acumulando riqueza e glória
Regressando à pátria
Trazendo novas vidas aos seus habitantes
E esplendor à sua nação
Pedro Almeida Nº19 8ºC

Navegar em
Alto mar
Oiço-te
Na madrugada
Da paixão e
Apaixono-me por ti.
Durmo e
Acordo
Sempre a pensar em ti
Libertas-me os pensamentos
Enquanto expulso a raiva por ti,
Imaginando
Tantas vidas que roubaste
Uns em vão e outros não
Respeitando-te tanto e,
Agora
Só resta dor...
   Beatriz Martins 8ºC Nº6

Marinheiros, marinheiros
Andam sempre a navegar
Recolhendo o peixe para jantar

A noite toda a pescar
Recebiam para viver
Tirando saudades
Esperando a família rever.
  Vânia Campos Nº25 8ºC
  João Cardoso Nº13 8ºC

Nadando, nadando
Através da praia
Vem o pôr do sol
E vamos vê-lo no farol
Grandes as ondas eram
Altas ainda mais ficaram
Rebentavam lentamente

Na noite escura
O farol brilhava
Sem parar de iluminar as ondas.

Lindas sem parar
Incapaz de cansar
Vinham e iam
Rebentavam sem parar
O todo poderoso
Sabia que ali estava o mar. 
Vânia Campos Nº25 8ºC
   João Cardoso Nº13 8ºC


segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013


Carnaval


Com os teus dedos feitos de tempo silencioso,
Modela a minha mascara, modela-a…
E veste-me essas roupas encantadas
Com que tu mesmo te escondes, ó oculto!
Põe nos meus lábios essa voz
Que só constrói perguntas,
E, à aparência com que me encobrires,
Dá um nome rápido, que se possa logo esquecer…
Eu irei pelas tuas ruas,
Cantando e dançando…
E lá, onde ninguém se reconhece,
Ninguém saberá quem sou,
À luz do teu Carnaval…
Modela a minha mascara!
Veste-me essas roupas!
Mas deixa na minha voz a eternidade
Dos teus dedos de silencioso tempo…
Mas deixa nas minhas roupas a saudade da tua forma…
E põe na minha dança o teu ritmo,
Para me conduzir…
 Cecília Meireles

A vida é uma tremenda bebedeira



A vida é uma tremenda bebedeira.
Eu nunca tiro dela outra impressão.
Passo nas ruas, tenho a sensação
De um carnaval cheio de cor e poeira…
A cada hora tenho a dolorosa
Sensação, agradável todavia,
De ir aos encontrões atrás da alegria
Duma plebe farsante e copiosa…
Cada momento é um carnaval imenso
Em que ando misturado sem querer.
Se penso nisto maça-me viver
E eu, que amo a intensidade, acho isto intenso
De mais… Balbúrdia que entra pela cabeça
Dentro a quem quer parar um só momento
Em ver onde é que tem o pensamento
Antes que o ser e a lucidez lhe esqueça…
Automóveis, veículos, (…)
As ruas cheias, (…)
Fitas de cinema correndo sempre
E nunca tendo um sentido preciso.
Julgo-me bêbado, sinto-me confuso,
Cambaleio nas minhas sensações,
Sinto uma súbita falta de corrimões
No pleno dia da cidade (…)
Uma pândega esta existência toda…
Que embrulhada se mete por mim dentro
E sempre em mim desloca o crente centro
Do meu psiquismo, que anda sempre à roda…
E contudo eu estou como ninguém
De amoroso acordo com isto tudo…
Não encontro em mim, quando me estudo,
Diferença entre mim e isto que tem
Esta balbúrdia de carnaval tolo,
Esta mistura de europeu e zulu
Este batuque tremendo e chulo
E elegantemente em desconsolo…
Que tipos! Que agradáveis e antipáticos!
Como eu sou deles com um nojo a eles!
O mesmo tom europeu em nossas peles
E o mesmo ar conjuga-nos
Tenho às vezes o tédio de ser eu
Com esta forma de hoje e estas maneiras…
Gasto inúteis horas inteiras
A descobrir quem sou; e nunca deu
Resultado a pesquisa… Se há um plano
Que eu forme, na vida que talho para mim
Antes que eu chegue desse plano ao fim
Já estou como antes fora dele. É engano
A gente ter confiança em quem tem ser…
(…)
Olho p’ró tipo como eu que ai vem…
(…)
Como se veste (…) bem
Porque é uma necessidade que ele tem
Sem que ele tenha essa necessidade.
Ah, tudo isto é para dizer apenas
Que não estou bem na vida, e quero ir
Para um lugar mais sossegado, ouvir
Correr os rios e não ter mais penas.
Sim, estou farto do corpo e da alma
Que esse corpo contém, ou é, ou faz-se…
Cada momento é um corpo no que nasce…
Mas o que importa é que não tenho calma.
Não tenciono escrever outro poema
Tenciono só dizer que me aborreço.
A hora a hora minha vida meço
E acho-a um lamentável estratagema
De Deus para com o bocado de matéria
Que resolveu tomar para meu corpo…
Todo o conteúdo de mim é porco
E de uma chatíssima miséria.
Só é decente ser outra pessoa
Mas isso é porque a gente a vê por fora…
Qualquer coisa
Álvaro de Campos

Fantasia
que é fantasia, por favor?
Roupa-estardalhaço, maquilagem-loucura?
Ou antes, e principalmente,
brinquedo sigiloso, tão íntimo,
tão do meu sangue e nervos e eu oculto em mim,
que ninguém percebe, e todos os dias
exibo na passarela sem espectadores?
 Carlos Drummond de Andrade

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013



O Inverno - Poema de Eugénio de Andrade

Velho, velho, velho                            
Chegou o Inverno.                                
                                                                
Vem de sobretudo,                                 
Vem de cachecol,                                   
                                                                  
O chão onde passa                               
Parece um lençol.

Esqueceu as luvas                                
Perto do fogão:                                   
                                                                 
Quando as procurou,                                 
Roubara-as um cão.

Com medo do frio                                            
Encosta-se a nós:

Dai-lhe café quente
Senão perde a voz.

Velho, velho, velho.
Chegou o Inverno.


Eugénio de Andrade (1923 –2005)

Obrigada Ana por continuares a abrilhantar este cantinho da poesia.

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Corres contra o vento
    Inês Marques

Corres contra o vento
procurando apenas a razão
que te leve a ficar neste momento
em que acaricio o teu rosto com a minha mão.


Podes apenas deixar-te levar
por esta noite fria e desconhecida
esta será a última vez que voltamos a tentar
juntos encontrar uma única saída.


Essas palavras são tão simples e frágeis
que fazem o meu mundo ganhar outra cor
tal como os teus reflexos prudentes e ágeis
que me captam na magia deste nosso amor.


As nossas vidas acabaram por se cruzar
muitos dos nossos erros ficaram a nu
o meu olhar nunca deixará de brilhar
a minha única razão serás sempre tu.

  

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013


De Luís Vaz de Camões
Jamais haverá ano novo,
se continuar a copiar os erros dos anos velhos.

De Carlos Drummond de Andrade

Receita de Ano Novo
Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)
Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

De Miguel Torga
Recomeça…
Se puderes
Sem angústia
E sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.
E, nunca saciado,
Vai colhendo ilusões sucessivas no pomar.
Sempre a sonhar e vendo
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças…
 De Fernando Pessoa

Há um tempo em que é preciso
abandonar as roupas usadas,
que já tem a forma do nosso corpo,
e esquecer os nossos caminhos,
que nos levam sempre aos mesmos lugares.
É o tempo da travessia: e,
se não ousarmos fazê-la,
teremos ficado, para sempre,
à margem de nós mesmos.
.