sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Fim de Ano

Cortar o tempo!



Quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias,
a que se deu o nome de ano,
foi um indivíduo genial.
Industrializou a esperança,
fazendo-a funcionar no limite da exaustão.
Doze meses dão para qualquer ser humano
se cansar e entregar os pontos.
Aí entra o milagre da renovação
e tudo começa outra vez,
com outro número e outra vontade
de acreditar que daqui pra
diante vai ser diferente.


Carlos Drummond de Andrade

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Uma Carta ao Pai Natal

My Only wish


Britney Spears

Last night I took a walk in the snow
Couples holding hands, places to go
Seems like everyone but me is in love
Santa can you hear me
I signed my letter that's sealed with a kiss
I sent it off, and just said this
I know exactly what I want this year
Santa can you hear me
I want my baby, baby
I want someone to love me
And someone to hold
Maybe, maybe (maybe, maybe)
I'll be on my own and I'll be thankful
Santa can you hear me?
I have been so good this year
And all I want is one thing
Tell me my true love is here
He's all I want, just for me
Underneath my Christmas tree
I'll be waiting here
Santa that's my only wish this year
Christmas Eve, I just can't sleep
Would I be wrong, for taking a peek?
'Cause I heard that you're comin' to town
Santa can you hear me
I really hope that you're on your way
With something special for me in your sleigh
Oh please make my wish come true
Santa can you hear me
I want my baby, baby
I want someone to love me
And someone to hold
Maybe, maybe (maybe, maybe)
We'll be all alone under the mistletoe
Santa can you hear me?
I have been so good this year
And all I want is one thing
Tell me my true love is here
He's all I want, just for me
Underneath my Christmas tree
I'll be waiting here
Santa that's my only wish this year
I hope my letter reaches you in time
Bring me a love, I can call all mine
'Cause I have been so good this year
Happy alone, under the mistletoe
He's all I want and I'll be thankful
Santa can you hear me?
I have been so good this year
And all I want is one thing
Tell me my true love is here
He's all I want, just for me
Underneath my Christmas tree
I'll be waiting here
Santa that's my only wish this year
(Oh Santa, can you hear me? Oh Santa...)
He's all I want, just for me
Underneath my Christmas tree
I'll be waiting here
Santa that's my only wish this year
Santa that's my only wish this year




quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Natal é...


Natal é...

Uma estrela brilhante

Que nos guia até ao caminho da felicidade.

Natal é...

Tempo de paz, amor e carinho

Pois é bom ter perto de nós

Sempre um braço amigo.

Natal é...

O sorriso de uma criança

Que transborda de magia e beleza.

Natal é...

Uma flor

Que abre no seu esplendor

E se volta a fechar para mais tarde,

Bonita de novo regressar.

Natal é...

A água transparente e límpida

Que reflecte a bondade

Dos corações.

Natal é...

Música que flutua nos nossos ouvidos,

Uma agradável melodia

Que a esta festa pertencia.

Maria Teresa Caldeira Manzarra

Nº10

8ºB

Ainda não encontrei palavras para descrever

Ainda não encontrei palavras para descrever

porque caminho nesta direcção

eu sei apenas que nunca me vou esquecer

daquelas promessas vãs guardadas ainda no meu coração.

Cada dia que vivo é uma história diferente

algo que tento reproduzir a partir de um simples papel

quero mostrar às pessoas que a poesia é uma arte coerente

onde se solta magia, fantasia e se cria um sentimento que se torna fiel.

Alguns sonhos têm imenso significado

outros não passam de uma mera melancolia

sei bem que nunca voltaremos a ficar lado a lado

o meu olhar gela, enquanto cada lágrima fica mais fria.

Será que chegará mesmo a bonança?!

ou tudo não passa de uma frase banal

estarei eu destinada a ter esta triste lembrança

de um tempo que parou naquele momento ocasional.

Inês

ALGUÉM QUE MUDOU

Certo dia alguém acordou,

abriu as persianas

Olhou para o mundo,

Encarou-o,

Mas não conseguiu,

Sentia-se frágil e fraco,

Sem sentimento,

Sem reacção

Queria reagir,

Não conseguia,

Queria gritar,

Não podia,

Queria fugir,

Fumegar do cansaço,

Sentir-se útil

Ter importância

Nalgo ou em alguém,

Queria poder fazer o que nunca tinha feito,

Olhar para onde nunca tinha olhado,

Cheirar o que nunca tinha cheirado,

Recordar o que tinha esquecido,

Amar quem não tinha amado,

Mas não podia,

Algo o prendia,

Seria o medo da vida,

Ou a própria morte?

Algo o fazia esquecer,

Esquecer o mundo,

Mergulhar numa visão só dele,

Algo onde ninguém conseguia entrar,

Algo que apenas tinha sido aberto uma única vez

E fechado tantas vezes quantas tinha sido aberto,

Era um mundo sombrio,

Escuro,

Sem luz,

Sem vida,

A tristeza reinava,

E a morte era o soberano futuro,

A alegria,

Era a alergia,

A luminosidade,

Indiferente,

A luz,

Longínqua,

A paz,

Inexistente,

O pesadelo,

Real.

Para este quadro

Pintado de negro,

Negro que nem carvão,

Negro que nem a escuridão,

Negro como as profundezas.

Apenas havia uma solução,

A derrota,

Tudo na vida dele era uma derrota,

Ele era um derrotado,

Achava que nada valia a pena.

Lutar?

Lutar para quê?

Apenas servia

Para gastar as ultimas forças que tinha,

Gloria?

Para quê gloria?

Para ganhar falsas relações,

Construir tudo à base de ambições,

Egoístas,

Liquidas,

Insuportáveis?

Nada a pena valia,

Apenas lhe servia

Para ocupar o coração pequeno

De bases vitais

Hipócritas,

Sem escrúpulos,

De sentimentos,

Puros ou impuros,

Que ao mínimo maremoto

Só o faria sofrer,

Matar a sua alma,

Límpida,

Gentil,

Humilde,

Levando-o à sua morte cruel.

O dia ia escurecendo,

O sol enfraquecido,

Ia descendo,

A lua minguante,

Ia subindo,

Forte,

Reconfortante,

E a tristeza

Desta pobre vida

Ia aumentando,

A cada hora,

Minuto,

Segundo,

Até que as persianas se fecharam,

Como se olhos quisessem

Descanso eterno.

Durante os meses seguintes,

Nada mudou,

Vidas entraram na casa,

Mas nunca na sua alma.

Vidas tentaram,

Tentaram o impossível,

Mas não conseguiram,

Vidas mudaram-se,

Olhavam,

Pela primeira vez,

Para aquele pobre coitado com outros olhos,

Já não eram olhos de ignorância,

Mas sim de pena,

De toques suaves nos cubos gelados,

Que se começavam a derreter,

De sentimentos puros despertados,

De lágrimas libertadas.

Algo estava a acontecer,

Pela primeira vez a tristeza sentia algo!

Sentia o despertar tardio de rasgos nos lábios,

Sentia-se útil,

Finalmente tinha percebido

Que a sua vinda em terra

Não tinha sido em vão,

Mais cedo ou mais tarde,

Sensibilizaria alguém,

E essa hora tinha chegado!

Os anos passaram-se,

As recuperações atrasaram-se,

Até ao dia

Em que o milagre aconteceu!

O impensável aconteceu,

E o fraco

Levantou-se

De onde estava deitado

Há mais do que tempo passado.

Sentia algo diferente,

Sentia-se quente,

O coração a palpitar,

A sua mente a levitar,

Até que entraram

Pela casa a dentro,

Queriam saber o sucedido,

Queriam tirar dele

Uma única lição de vida,

Queriam sentir

A sua pura pequena tristeza.

Risos apareceram,

Abraços se formaram,

Entre conhecidos

E desconhecidos,

Amigos

E inimigos,

Estavam todos eles,

Unidos por algo,

Aldeias,

Vilas,

Cidades,

Estavam lá,

Estavam lá para dar apoio,

Estavam lá para mudarem corações,

Estavam lá para comemorarem a vida

E fazerem da morte a morte.

Gargalhadas do pobre,

Pela primeira vez foram ouvidas,

As mãos deste

Conseguiam-se mover,

Os braços estavam fortes como nunca,

A cabeça segura,

As pernas estáveis,

Estáveis o suficiente,

Para conseguirem leva-lo até à beleza natural.

Tudo era diferente,

A cor,

O floral,

O temporal,

O verde verdejante,

Era primavera,

Existia vida,

Pássaros no ar,

Alegria no vento,

Felicidade nas nuvens,

Mas não havia volta a dar,

O destino estava traçado,

O alguém caiu que nem pena,

No chão verdejante

Que se tornara seco,

Círculos se formaram,

Em torno da morte recente,

Lágrimas de tristeza,

Escorreram,

Pedidos de paz para alma

Foram pedidos,

Arrependimentos foram mostrados,

Sentimentos exteriorizados,

Mas não havia volta a dar,

Alguém levara o alguém,

Que sofrera durante anos

E que vivera durante dias

Uma alegria,

Emersa de sorrisos,

De luz,

De paz,

De pura fantasia,

Onde o choro era desconhecido,

E a união fortificada.

Tudo ficara escuro,

A primavera transformara-se em inverno,

E nada mais era igual,

A humildade,

A amizade,

A força,

Tinham-se formado,

De uma forma tão pura,

Fortalezas apareceram,

Como muralhas

Que protegiam as almas.

Nada mais era igual,

E uma vida apenas

De negra escuridão,

Conseguira mudar

O impensável de se mudar.

Tadeu Faustino, 9ºD

Natal era…


Amor, simplicidade e ternura

A esperança de ter a família unida

O esquecimento dos bens materiais

Alegria transformada numa noite de magia

Um momento de crença e de partilha

A comemoração do nascimento de Jesus

Uma verdadeira noite em família

Uma tradição à luz das velas

Iluminada pelos sorrisos,

Da mais pura inocência

A elegante troca de carinho

Que enchia de calor o ninho

Agora..

O Natal é…

Uma época de consumismo

Onde os sentimentos perdem valor

O amor enfraquece

E o materialismo toma o poder.

A alteração do significado de família

E do espírito natalício.

Um confronto perdido pela união.

poema colectivo do 9º A

Cabaz de Natal


E para o Natal
preparámos um conselho, que tal?
«Um poema por dia,nem sabe o bem que lhe fazia»
E para desejar Boas Festas
criámos umas rimas: estas;
são rimas desengonçadas
mas muito bem intencionadas,
destas professoras,
com os vossos trabalhos, encantadas

Helena Rodrigues e Leonor Carvalho

E no Cabaz de Natal
não podia faltar
uma música (de Natal)
com ritmo para animar...


BOAS FESTAS!

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Café


Sabor de antigamente,sabor de família,
Café que foi torrado em casa,
Que foi feito no fogão da casa,com lenha do mato da casa,
Café para as visitas de cerimónia,
Café para as visitas de intimidade,
Café para os desconhecidos,para os que pedem pousada,para toda a gente


Ribeiro Couto (Brasil)
A selecção deste poema contou com a colaboração especial da aluna do 7ºD, Tawary Coelho

No Jardim Botânico


Foi no Jardim Botânico
que certo turista britânico,
ao ver uma flor carnívora,
entrou de súbito em pânico.
Dando um salto mecânico
foi a correr para o hotel,
onde tomou uma injecção
de soro antitetânico.


José Jorge Letria

Urubu


É um tipo de abutre
que no Brasil ganhou fama;
nunca jogo futebol
nem entrou em teledrama;
comida,só da estragada,
que é esse o seu prato forte;
não tem penas no pescoço
e gosta do cheiro da morte.
Quem se perde no deserto
só o evita por sorte.


José Jorge Letria

Truz Truz Truz


Neste livro de Natal
uma porta desenhada
não vai ficar nada mal.
Quem quiser vir passear
nas ruas das suas páginas,
ver ou ler, meter conversas
por aqui e por ali,
não tem nada que enganar,
vai nesta porta bater

Truz Truz Truz e Truz e Truz...

E depois,é só entrar!


Maria Alberta Menéres

Canário assistente


Ao lado dos dois pianos
assiste á lição da menina.

É generoso com o velho
professores.E cantando
também ele ensina tudo o que sabe.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Esquecer

Como me poderei esquecer,
De algo tão belo?
Não é tão fácil,
Como apagar lápis do papel!

Disseste-me para pensar
No mal em que me fizeste!
Eu tentei, mas só encontrei,
A felicidade que me deste!

Dou por mim a pensar,
Quando contigo vou sonhar,
Ou simplesmente estar
E reencontrar!

Dou por mim a imaginar,
Como seria ter o teu olhar
No meu mundo,
Em todo o lugar!

Quero ser feliz,
Mas primeiro tenho de esquecer-te
Mas nunca irá ser
Como se não te conhecesse!
Neste Natal vou-te rever
Não sei se é o melhor a fazer
Mas pior também não pode acontecer!

Elsa Silvestre nº7, 9ºD

domingo, 5 de dezembro de 2010

Nem aí...

Indiferente
ao suposto prestígio literário
e ao trabalho
do poeta,
à difícil faina
a que se entrega para
inventar o dizível,
sobe à mesa
o gatinho
se espreguiça
e deita-se e
adormece
em cima do poema


Ferreira Gullar

De palavras dadas...!



Quando dão mãos, as palavras, nasce o poema...

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Aos poetas

Somos nós
As humanas cigarras.
Nós,
Desde o tempo de Esopo conhecidos...
Nós,
Preguiçosos insectos perseguidos.

Somos nós os ridículos comparsas
Da fábula burguesa da formiga.
Nós, a tribo faminta de ciganos
Que se abriga
Ao luar.
Nós, que nunca passamos,
A passar...

Somos nós, e só nós podemos ter
Asas sonoras.
Asas que em certas horas
Palpitam.
Asas que morrem, mas que ressuscitam
Da sepultura.
E que da planura
Da seara
Erguem a um campo de maior altura
A mão que só altura semeara.

Por isso a vós, Poetas, eu levanto
A taça fraternal deste meu canto,
E bebo em vossa honra o doce vinho
Da amizade e da paz.
Vinho que não é meu,
Mas sim do mosto que a beleza traz.

E vos digo e conjuro que canteis.
Que sejais menestréis
Duma gesta de amor universal.
Duma epopeia que não tenha reis,
Mas homens de tamanho natural.

Homens de toda a terra sem fronteiras.
De todos os feitios e maneiras,
Da cor que o sol lhes deu à flor da pele.
Crias de Adão e Eva verdadeiras.
Homens da torre de Babel.

Homens do dia-a-dia
Que levantem paredes de ilusão.
Homens de pés no chão,
Que se calcem de sonho e de poesia
Pela graça infantil da vossa mão.

Miguel Torga

Marcadas

Nós raparigas,
Nascemos marcadas
É como se fossemos traídas
Mas ninguém fez nada!

Temos uma infância descansada
Por outro lado,
A nossa adolescência é atribulada,
E em adultas,
Acabamos conformadas!

Não existe nada a fazer,
Há quem diga que é uma bênção!
Eu cá dava tudo para não a ter,
Porque ás vezes é uma aflição!

O mais irritante
É que os rapazes
Conseguem ser tão ignorantes,
Mas acabam por ser capazes,
De nos “ajudar”,
O “segredo” guardar!

É este o nosso destino
Embora não seja o mais fino,
Não nos podemos queixar,
Porque em breve
Vamo-nos conformar!

Elsa Silvestre nº7, 9ºD

Será fácil esquecer?!

A cada minuto que passa me identifico
somente com a maneira de ser desta vida
a cada passo que dou verifico
que estou cada vez mais longe do tiro de partida.

Não é nos meus olhos que está o meu eu
não é no meu interior que está o meu ser
não é por palavras sentidas que a minha alma cresceu
não é por estas lágrimas que eu te vou perder.

Sei que quando anoitecer
os nossos mundos se vão fundir
garanto-te que não é fácil esquecer
cada vez que os nossos olhos se voltam a unir.

Caí na ignorância de me prender
a um sentimento que não consigo suportar
serei eu capaz de viver
sabendo que nunca mais te vou abraçar.
Inês

Sem Coração

Hoje à noite ouvi contar
a história de alguém que não tem coração
chorei e não consegui acabar
esta triste narração.

Como consegues ser uma pessoa tão fria
eu não mudei mas tu mudaste
nunca te preocupaste com o que eu realmente sentia
apenas com as aparências sempre te importaste.

Nunca saberás por tudo o que passei
sempre a desejar pôr um ponto final
numa história da qual eu não iniciei
mas que não revelo a personagem principal.

O teu sorriso, o teu olhar
era tudo pura camuflagem
não entendo porque me quiseste apanhar
se neste tempo que passou eras um mera miragem.
Inês

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Amigos

Queres saber o que ando a fazer?
Será que estou a ler?
Ou a escrever?
Queres mesmo descobrir?

Então numa viagem vais ter de ir!
Estou no meio do mar,
Ou em Gondomar!
Aposto que vais conseguir!

Neste preciso momento
Estou a escrever,
Possivelmente sobre um monumento,
Ou sobre o lançamento
De um poema que andei a rabiscar!

Nada disso!
O que estou a fazer,
É um poema escrever
Para que vocês possam ler,
E saber, o quão feliz eu estou,
Por vos ter!

Elsa Silvestre, nº7, 9ºD

domingo, 14 de novembro de 2010

Segunda-feira

Dois dias...
aqueles dias de suspiro
os dias de descanso
aqueles dias em que a gente,
e não digo exageradamente,
grita profundamente
a felicidade que sente.


Porém,
alguma coisa os atormenta,
alguma coisa experimenta
desafiar esta alegria,
que acaba por ter fim
com a chegada deste dia.


O seu nome é Segunda
que afunda, afunda,
o repouso sentido
numa manhã de Domingo.


Enfim,
mais um dia de preguiça,
mais um dia de trabalho,
mais um dia de estudo,
mas, contudo,
é bom estar de volta
onde pertenço,
onde faço tudo.

ACE

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Mas há a vida

Mas há a vida
que é para ser
intensamente vivida,
há o amor.

Que tem que ser vivido
até a última gota.
Sem nenhum medo.
Não mata.

Clarice Lispector (1920-1977)

Triste Passeio

Vou pela estrada, sozinha.
Não me acompanha ninguém.
Num atalho, em voz mansinha:
"Como está ele? Está bem?"

É a toutinegra curiosa:
Há em mim um doce enleio...
Nisto pergunta uma rosa:
"Então ele? Inda não veio?"

Sinto-me triste, doente...
E nem me deixam esquecê-lo!...
Nisto o sol impertinente:
"Sou um fio do seu cabelo..."

Ainda bem. É noitinha.
Enfim já posso pensar!
Ai, já me deixem sozinha!
De repente, oiço o luar:

"Que imensa mágoa me invade,
Que dor o meu peito sente!
Tenho uma enorme saudade
De ver o teu doce ausente!"

Volto a casa. Que tristeza!
Inda é maior minha dor...
Vem depressa. A natureza
Só fala de ti, amor!

Florbela Espanca (1894-1930)

Lua adversa

Tenho fases, como a lua
Fases de andar escondida,
fases de vir para a rua...
Perdição da minha vida!
Perdição da vida minha!
Tenho fases de ser tua,
tenho outras de ser sozinha


Fases que vão e que vêm,
no secreto calendário
que um astrólogo arbitrário
inventou para meu uso.

E roda a melancolia
seu interminável fuso!
Não me encontro com ninguém
(tenho fases, como a lua...)
No dia de alguém ser meu
não é dia de eu ser sua...


E, quando chega esse dia,
o outro desapareceu...

Cecília Meireles (1901-1964)

Soneto do gato morto

Um gato vivo é qualquer coisa linda
Nada existe com mais serenidade
Mesmo parado ele caminha ainda
As selvas sinuosas da saudade

De ter sido feroz. À sua vinda
Altas correntes de eletricidade
Rompem do ar as lâminas em cinza
Numa silenciosa tempestade.

Por isso ele está sempre a rir de cada
Um de nós, e ao morrer perde o veludo
Fica torpe, ao avesso, opaco, torto

Acaba, é o antigato; porque nada
Nada parece mais com o fim de tudo
Que um gato morto.

Vinicius de Morais
E quando um conto se transforma em poema? Apreciem este belo exemplo concebido numa actividade conjunta pela turma do 9ºA, a propósito da leitura de um conto de Eça de Queirós «O Tesouro», que faz parte do Plano Nacional de Leitura.

O tesouro

Três fidalgos de Medranhos
Conhecidos e falados em todo o reino
Como pobres e miseráveis que eram
Para uma caçada partiram…
E pela mata de Roquelanes
Um tesouro descobriram
Entre o desabrochar da natureza.

Com alegria e desconfiança
Urdiram um plano de vingança
Três chaves, três fechaduras,
Seguidas de três travessuras.

Com ar despreocupado
Duas manhas planearam
Guanes a cavalo partiu
E para Retortilhos seguiu
Trauteado a sua sinistra canção.

Em adoração àquele precioso tesouro
Rui tentando Rostabal envenenar
Para Guanes do mapa tirar.
Rostabal na armadilha caiu,
Pois a sua ingenuidade o traiu…
Três facadas no seu irmão espetou
E assim a vida e a chave lhe tirou.

Rui movido pela sua ambição
Decidiu acabar com o segundo irmão
Tirando a chave da sua mão.

Cumprida a missão
Único herdeiro do tesouro ficou
Mas foi apanhado pelo seu irmão
Na sua última refeição.

Desde veneno a facadas
Várias vidas foram levadas…
Dentro do tesouro havia o ouro,
Mas o ouro estragou o tesouro.

Poema colectivo do 9ºA

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Sonho

No fim do dia
Caio em cima da cama,
E nunca acreditaria
Mas caí na lama!

Num sono profundo fiquei,
Um anjo tentou-me resgatar
Mas uma vez que entrei…
Ninguém me pode ir buscar!

Estou bem cá no fundo,
Existe uma escada
Contudo, ninguém neste mundo
Acredita que chegue à entrada!

Nesta cidade invicta
Não sou a única,
Mas talvez a única a querer
Subir com vontade de viver!

Quero correr pr’a frente
O único obstáculo
É a quantidade de gente
A puxar-me para este buraco!

Ainda acredito em Jesus,
No meio de tão pouca luz!
Sei que lá acima vou chegar,
Não sei quanto tempo vou demorar…

Estou a meio caminho
Para chegar
Quero ser recebida com carinho
E voltar a amar!

A minha essência
É a minha paciência!
Por fim cheguei,
Nada mudou,
Está tudo como deixei,
Agora que estou aqui,
Parece que nunca saí daqui!

As pessoas não pararam de viver
Só por eu estar a dormir
Ninguém quis saber
O que estava a sentir
Enquanto estava a sonhar
O mundo continuava a rodar!
Elsa Silvestre, 9ºD

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Prosa Poética

A poesia nem sempre é tão formal como aparenta ser e desengane-se quem pensa que o verso é a única forma que ela tem de se apresentar. Efectivamente, as nossas leituras permitem-nos encontrá-la disfarçada em prosa; é então que determinadas palavras carregadas de sentimento e lirismo resplandecem e espreitam por entre linhas que nos deixam perceber que um narrador se transformou em sujeito poético, que nos delicia sem o rigor da forma, do ritmo ou da rima, mas com a mesma exigência literária e estética.
Esta mistura de modos literários ganha um novo apelido prosa poética e quem sabe não encontras agora uma nova forma de te expressar.
Aqui te deixamos um exemplo, que nos encantou:

"Quem me dera ter um jardim e saber das plantas e pô-las a florir e aquilo resistir, ou saber as que são de inverno e as que são de verão e funcionar como um indutor de beleza, seguro e consequente, durante o ano inteiro. Quem me dera que se visse alguma beleza que eu criasse, que eu pudesse oferecer, quem me dera que fosse uma beleza de perfumar e estivesse diante da minha casa por onde passassem as pessoas a ficarem alegres por ali passarem. Quem me dera que os poemas fossem coisas de corolas e cores e perdurassem inverno e verão, perfumando diante da minha casa.

Um poema onde as abelhas pousassem. Que incrível seria se houvesse um poema que soubesse oferecer pólen às abelhas, garrido como se dissesse as coisas às cores, intenso como se tivesse fragrância, delicado como se pudesse morrer. Um poema que pudesse morrer. Um que criasse em nós a urgência de o nutrir, vigiar, cuidar com as forças todas para que perdurasse como milagre vivo por gerações e gerações. Prezamos sempre melhor o que é passível de ser perdido para sempre. Queria poemas assim, à medida de mim que me vou perdendo para sempre lentamente."

valter hugo mãe, Autobiografia imaginária: Um poema que pudesse morrer, JL, nº 1044

Já nada me agarra a esta vida

Jogos de luta e de poder
talvez decidam muitas personalidades
mas eu acabo por me perder
entre violência e crueldades.

Relançar a moeda pode definir
uma vida, uma situação
no meu caso apenas vi surgir
de novo o meu sonho, a minha ilusão.

Anseio o futuro, jogo no presente
espero por um sinal
não temo nada espero somente
que esta longa história tenha um final.

Não me basta mover este sentimento
se não controlo este papel com tinta derramada
já não luto, já nada faço para esquecer aquele momento
onde infelizmente caí em tamanha cilada.
Inês Marques

CRESCER A TEU LADO

Hoje não vou andar por aí
Está a chover e as nuvens estão negras
O meu coração vagueia em ti
Perdoa-me os tantos dilemas

Esta pressão que me carrega
Este tempo inacabado
Pedi sempre, mas sempre ao mundo
Para crescer ao teu lado

Um olhar, um simples gesto
Um sorriso, um carinho
Numa noite escura e fria
Tu iluminas o meu caminho

Queria-te só dizer mais uma coisa
É que este poema só tem um intuito:
Quero te sempre aqui comigo
E apenas te amo muito.

Ana Cláudia Soeiro Rebelo , nº2 , 8ºB

Myth- és e sempre serás

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

De longe te hei de amar

De longe te hei de amar,
- da tranquila distância
em que o amor é saudade
e o desejo a constância.

Do divino lugar
onde o bem da existência
é ser eternidade
e parecer ausência.

Quem precisa explicar
o momento e a fragrância
da Rosa, que persuade
sem nenhuma arrogância?

E, no fundo do mar,
a estrela, sem violência,
cumpre a sua verdade,
alheia à transparência.

Cecília Meireles (1901-1964)

Frei Estevão Martins

Nesta escola vivi, cresci
sei que não foram tempos em vão
muitas coisas novas aqui aprendi
que para a vida fora muito úteis me serão.

Entre os alunos reina um espírito ganhador
que foi crescendo rapidamente
forma estudantes com um perfil enriquecedor
dos quais se irá notar posteriormente.

O seu aspecto é bastante acolhedor
os responsáveis fazem o possível para tentar inovar
na cantina à sempre um novo sabor
para a todos os funcionários agradar.

A simpatia e dedicação são sentimentos constantes
sempre com alguns sonhos por realizar
é este o dia-a-dia de funcionários, professores e estudantes
que tendem a um futuro brilhante alcançar.

Inês Marques

Viver

Viver e ser feliz
Viver e amar
Viver como uma imperatriz
Viver como se não houvesse ar!

Vive a vida,
Ao máximo,
Porque vive-la no mínimo
É como a nossa alma
Estivesse a ser contida!

Podemos dizer antes, comida,
Porque precisamos de viver
Como não houvesse amanhã
Mesmo que isso implique, acordar cedo, de manhã!

Esquece o ontem,
Não penses no amanhã,
Vive o presente,
E diz tudo o que tens em mente
Mas de uma forma inteligente!

Elsa Silvestre nº7, 9ºD

O Doce Amargo do Café

"O açúcar


O branco açúcar que adoçará meu café
nesta manhã de Ipanema
não foi produzido por mim
nem surgiu dentro do açucareiro por milagre.

Vejo-o puro
e afável ao paladar
como beijo de moça, água
na pele, flor
que se dissolve na boca. Mas este açúcar
não foi feito por mim.

Este açúcar veio
da mercearia da esquina e tampouco o fez o Oliveira,
dono da mercearia.
Este açúcar veio
de uma usina de açúcar em Pernambuco
ou no Estado do Rio
e tampouco o fez o dono da usina.

Este açúcar era cana
e veio dos canaviais extensos
que não nascem por acaso
no regaço do vale.

Em lugares distantes, onde não há hospital
nem escola,
homens que não sabem ler e morrem
aos vinte e sete anos
plantaram e colheram a cana
que viraria açúcar.

Em usinas escuras,
homens de vida amarga
e dura
produziram este açúcar
branco e puro
com que adoço meu café esta manhã em Ipanema."


Ferreira Gullar (1930)

sábado, 23 de outubro de 2010

Nova situação

Quando o sentimento
Já estava a acabar
Um novo conhecimento
Veio abalar
O meu mundo!

Esperanças não devo ter
Se bem te conheço
Serena tenho de permanecer!

Estás comigo
Nos meus pensamentos,
Nos meus sonhos,
Estás comigo em todos estes momentos.
Mas será que estou contigo
Em alguma circunstância?

Será que devo esperar?
Ou p’ra frente andar?
Gostava de experimentar
No que isto pode dar!

A distância pode ser um problema
Ou melhor, 70 quilómetros
É que é o dilema!
Enquanto nada se resolve
Vou continuar a sonhar e a pensar!
Sim, porque ainda ninguém os pode controlar
E só eu os poderei revelar!

Não sei o que vem a seguir
Apenas sei que devo sorrir
E tentar exprimir,
O que ando a sentir!

Elsa Silvestre nº7 9ºD

Desilusões

Chega de desilusões...
Marcaste-me este Verão,
Fizeste-me pensar
Que em alguma coisa iria dar
E no fim,
Todo este tempo foi em vão!

Isto é de loucos,
Ninguém me mandou acreditar
Que irias mudar!
Por isso, vou voar
E outras pessoas encontrar
Pelo menos uma
Que não me possa magoar!

Estou farta de injustiças,
Mas se não sabem o que se passa
Não me julguem
Porque nunca se sabe
Quando os lugares se invertem…
E depois não vão gostar de saber
Que alguém vos vai julgar
Sem dentro do assunto estar!

E para este capítulo fechar
Em ti tenho de deixar de pensar
Além disso, vou ter sempre os meus amigos
Para me abraçar e incondicionalmente amar!

Elsa Silvestre nº7 9ºD

Poesia…

Para uns, um prazer,
Para outros, uma obrigação!

Escrever poesia
É como estar
Num mundo de fantasia
Em que nós estamos a comandar!

É uma maneira
De nos expressarmos
Porque de outro modo
Ainda saía asneira…

É a alegria
De rimar, amar
Com confiar,
E até que tem a sua ironia!

É por isso, que quero agradecer
A quem me fez ver
Que neste mundo,
Feliz iria ser!!!


Elsa Silvestre nº7 9ºD

Olho em frente

Olho em frente e vejo pessoas pelas ruas
que procuram algo e correm para não perder
o sustento que por vezes alimenta muitas das suas
ilusões de famílias que já nada têm para comer.

Custa muito ver outros como eu
que já nem sequer têm razão para sorrir
esta foi uma das lições que a vida me deu
a de nunca recusar nada a quem infelizmente anda a pedir.

Crianças que por vezes nem conseguem ler
que têm muitos sonhos por realizar
não acho justo que isto ainda esteja a acontecer
porque devem ter o direito de crescer a brincar.

Ainda vivemos num mundo de pobreza
onde os ricos se acham sempre superiores
ainda hoje tenho esta certeza
que para eles apenas importam certos valores.


Inês Marques

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Um Poema

Não tenhas medo, ouve:
É um poema
Um misto de oração e de feitiço...
Sem qualquer compromisso,
Ouve-o atentamente,
De coração lavado.
Poderás decorá-lo
E rezá-lo
Ao deitar,
Ao levantar,
Ou nas restantes horas de tristeza
Na segura certeza
De que mal não te faz.
E pode acontecer que te dê paz...

Miguel Torga

Declaração de Amor à Natureza

Porque de ti brotei e a ti regressarei,
fazes parte de mim.
Sou pó de estrelas, pólen de flores,
água viva fluindo pelo teu mundo.
Vôo pela imaginação na ponta das asas de albatrozes,
corro pela vida no dorso de alazões selvagens,
suspiro de amor dentro de corolas floridas,
choro lágrimas do teu mar salgado,
respiro o vento e desfaço-me em tempestades fantásticas.
Sou montes e vales esculpidos
em carne e sangue que pulsa a cada segundo,
sempre em frémito quando te contemplo
em todas as tuas manifestações,
ó Mãe bela, poderosa, doce e eterna.

Marta Nogueira, vencedora do concurso de poesia da Revista National Geographic, sobre as Sete Maravilhas Naturais. Publicado no nº 115 (Outubro de 2010)

Porquê Ciúme?

Há sentimentos que
Nos podem confundir
Os ciúmes são um desses
Que nos fazem desistir

Mas este sentimento não tem
Que ser assustador
Porque sem ele
Não há amor

Ciúme sem amor
É pura obsessão
Sentido intensamente
Toca-nos ao coração

Noémia Simões 9ºD nº 16

A Amizade o que é?

Há anjos sem asas
A esses chamamos amigos
Perto ou longe estão lá
Para nos livrar dos perigos

Sempre que penso neles
Olho para dentro de mim
Fico contente porque
Imagino um jardim
Afagado com um lindo jasmim

Especiais só alguns o podem ser
Liberdade para amar todos tem
Sensibilidade faz parte mas
Amizade é fundamental para cresce

Desde sempre sonhei
Um dia vir a ser Feliz
Esse dia chegou e hoje
Sou aquela criança aprendiz

Noémia

Toda essa tua firmeza

Toda essa tua firmeza
supera qualquer tipo de instância
não sei se será possível travar toda essa destreza
quando tudo se resume à palavra distância.

Foges de quê? suplicas por algo inexistente
tento encontrar algo que se perdeu
mas é demasiado evidente
que o nosso olhar cedeu.

Pedra a pedra tento reconstruir
o que entre nós se quebrou
mas sei que nunca irei conseguir
voltar a ter o que entre as minhas mãos voou.

Gostava de poder acordar
e ver que a vida não passa de um sonho fútil
quero apenas limpar as lágrimas e mergulhar
nas memórias de um passado inútil.
Inês Marques

Não são os nossos caminhos que se confundem

Não são os nossos caminhos que se confundem
por vezes lidamos com uma realidade sentida
não quero que descubram a verdade e julguem
aquilo que parece assombrar uma vida.

Se querias entrar, eu deixei
somente me descobri aos poucos
sim magoaste-me mas eu perdoei
nem sempre dos problemas surgem os loucos.

Definição de loucura dir-te-ei quando te abraçar
apenas nesse momento alcançarei o meu porto de abrigo,
quero chegar ao ponto mais alto e continuar
o percurso que a teu lado sigo.

Horas passam e os dias parecem encurtar
rendo-me a cada gesto, a cada olhar reluzente
não são palavras que vão mudar
o que és para mim e serás eternamente.
Inês Marques

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Comemorações do Ano Europeu do Combate à Pobreza e à Exclusão Social

"Acorda Portugal!
Repara na pobreza,
não finjam que não faz mal
porque isso é uma tristeza.

Mexe-te Portugal!
Combatam a pobreza.
Ponham um ponto final.
Quero ter orgulho em ser Portuguesa."

Fátima F. (12 anos)

Poema lido na Escola, no âmbito do Ano Europeu de 2010

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

A Portuguesa

Um dos símbolos nacionais, que assinala a mudança de regime de 1910, é o Hino Nacional, naturalmente.

Heróis do mar, nobre povo,
Nação valente, imortal,
Levantai hoje de novo
O esplendor de Portugal!
Entre as brumas da memória,
Ó Pátria sente-se a voz
Dos teus egrégios avós,
Que há-de guiar-te à vitória!

Às armas, às armas!
Sobre a terra, sobre o mar,
Às armas, às armas!
Pela Pátria lutar
Contra os canhões marchar, marchar!

Desfralda a invicta Bandeira,
À luz viva do teu céu!
Brade a Europa à terra inteira:
Portugal não pereceu
Beija o solo teu jucundo
O Oceano, a rugir d'amor,
E teu braço vencedor
Deu mundos novos ao Mundo!

Às armas, às armas!
Sobre a terra, sobre o mar,
Às armas, às armas!
Pela Pátria lutar
Contra os canhões marchar, marchar!

Saudai o Sol que desponta
Sobre um ridente porvir;
Seja o eco de uma afronta
O sinal do ressurgir.
Raios dessa aurora forte
São como beijos de mãe,
Que nos guardam, nos sustêm,
Contra as injúrias da sorte.

Às armas, às armas!
Sobre a terra, sobre o mar,
Às armas, às armas!
Pela Pátria lutar
Contra os canhões marchar, marchar!


Letra: Henrique Lopes de Mendonça
Música: Alfredo Keil

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Não entendo

Não entendo
o que se passa,
está tudo mudado,
tudo diferente;
quando vejo a realidade
esta transforma-se
num mundo de mentira
de maus tratos,
mas, será que a realidade
é só isto?
Bem, eu não sei,
vivo num mundo à parte
onde só existe
fantasia e poesia,
felicidade e alegria
porque é que a realidade
não é como o meu mundo?
Eu só quero o meu mundo
como ele é,
não como os outros
querem que seja.
Quem quiser
um mundo igual ao meu
que crie
e veja a diferença.
Existe uma grande diferença
entre a realidade
e o ...
nosso mundo.


Alexandra, 8ºD

Magoas

Magoas-me com cada palavra
magoas-me com cada gesto teu
sinto-me perdida nesta estrada
porque procuro um brilho que contigo desapareceu.

Não acabes o que ainda não morreu
não desesperes a esperança que nos consome
imortaliza o sonho que dentro de nós viveu
e não deixes que a saudade te tome.

Ignoro esse tenebroso amanhecer
pois como uma chama te voltas a soltar
será que vale a pena tentar prever
quando volta a reluzir esse teu silencioso olhar.

Mudaste tudo num só segundo
mudaste muito daquilo que sou
mudaste um sentimento que estava lá bem no fundo
mudaste a direcção que a minha vida levou.

Inês Marques

sábado, 25 de setembro de 2010

A República e as Palavras

A 1ª República, cujo centenário celebramos com o feriado do próximo dia 5, caracteriza-se por um espaço de grandes mudanças.
As palavras não escaparam a essas mudanças. Em 1911 deu-se a primeira reforma da Língua Portuguesa, que, tal como acontece hoje com o Acordo Ortográfico, despertou debates.
Há sempre quem goste de «colorir» os argumentos do debate com uma contribuição em verso. Em Maio de 1911, o jornal regional Notícias de Alcobaça, publicava estes versos sobre o tema, que apareceram originalmente no jornal nacional Novidades:

"Com a tal ortographia
que vae ser modificada
anda tudo em gritaria
e ninguém percebe nada.

Deixa o x de figurar
nos alphabetos de cá
e eu terei de me assignar
Xavier com ch.

Em tal ponto não concordo
nem a gente que me lê,
mas leitor, estou de acordo
o pôr cedilha no c.

N'outros tempos em folia
já o Banana, coitado
quando chouriço escrevia
punha-lhe um c cedilhado."


Para quem quiser saber mais sobre este assunto, recomendamos a consulta do artigo Ortografia da Língua Portuguesa, na Wikipédia.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Face

Não quero que sejas um pedaço inacabado
de uma súbita história morta
cuja face tem um grande significado
mas um destino que já pouco importa.

Então caminho sem nexo ou explicação
e o passado é o meu companheiro de viagem
queria apenas voltar a ter a recordação
do teu olhar que hoje mais parece uma miragem.

Mas estou aqui sem estares por perto
apenas com a brisa da noite a chegar
o luar é cada vez mais incerto
tal como o tempo que tens para me dar.

Bem sei que as coisas mudaram
e que a felicidade deu lugar ao rancor
na tua cabeça uma imagem nova de mim criaram
e a mim resta-me apenas lidar com tamanha dor.
Inês Marques

Ano Lectivo 2010/2011

A Escola é...

O princípio de uma vida que traça uma etapa futura.
Uma nuvem que nos impregna de sabedoria.
A casa do Saber:
Fonte de Ensino e Centro de Aprendizagem.
A Harmonia perfeita entre a Cultura e a Amizade;
Uma Biblioteca de histórias, ensinamentos e convívio;
O Conhecimento infinito sempre a prosperar.
Um espaço mágico,
O tesouro da nossa Adolescência,
O local onde crescemos.

Poema Colectivo do 8ºB

(inspirado na leitura de uma entrevista a Fernando Nobre, constante do Manual de Língua Portuguesa)

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Saudade

Quando o ano começa a acabar
E o tempo a escassear
As saudades começam a chegar,
Por isso o resto do tempo quero aproveitar!

Para contigo poder estar…
Cada minuto que passa
Eu não te vou largar
Porque o tempo escasseia!

Este Verão vai ser diferente,
Não vou ter de esperar!
Porque espero ver-te frequentemente,
Não vou ficar carente de te beijar!

Se não te puder ver
Prometo-te telefonar
A única coisa que não vou fazer
É ficar sem contigo falar…




Elsa Silvestre 8ºD, nº8

Marcaste...

Posso dizer que me marcaste
de uma maneira muito especial
porque do meu olhar soltaste
um brilho fenomenal.

És um segredo por desvendar
alguém que me fascina dia após dia
posso até mesmo estar a sonhar
mas sem as tuas palavras eu não vivia.

Só em ti eu vi a destreza
e a capacidade de me dar alento
quando estás perto eu tenho a certeza
que tudo pode acontecer naquele momento.

Chegas até mim para me recordar
daquele instante ofegante
acabo por me deixar levar
por este sentimento relevante.

Inês Marques 9ºD

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Um dia direi Adeus

O adeus é algo horrível
Pode ser, pode ser o final!
Alguém poderá para sempre partir
Mas que quer dizer afinal...??


Um dia direi Adeus..
Um dia alguém que amo
Irá partir, para sempre talvez.
Mas lei da vida é, e eu não mando.


É dificil ver alguém partir
Pois significa que o Amanhã
Não voltará nunca mais!
Mas que terrível guerra titã!!


O Ontem foi bom mas...
Já passou e ficou guardado
O Hoje nós decidimos como será...
O Amanhã é feito do que está gravado
Em nós, por isso agarramo-nos à vida!!


Um dia direi Adeus...
Nesse dia o Amanhã não
Irá existir...O Futuro pode
Ser cruel, mas sei que o Passado
Nunca será em vão!!


Noémia Tavares Simões
8º D nº 20

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Domingo de Feira

Neste caminho de Alcobaça
Nos arredores do Mosteiro
Eu sei que o mercado da praça
Dura quase o domingo inteiro

Na bojuda louça vidrada
Cada vulto é um desenho novo
E há, alforges nos degraus da escada
Onde palra, mercando o povo

Cada gesto é uma Aljubarrota
Um Brasil - no braço que alterca
«Figos, figos da capa rota!
Dez reis ao quarteirão! Quem merca?»

Meias roxas, verdes, vermelhas
Vão e vêm para cada lado
Parece um desenho animado"

Cecília Meireles

Os poemas

Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam voo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso
nem porto;
alimentam-se um instante em cada
par de mãos e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhado espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti...

Mário Quintana

Uma viagem num sonho esquecido

Dei por mim deitada,
A viagem acabou
Cheia de sono
Tal como o meu sonho
Já não via nada
Acordei, mas não esqueci
Começava o sono
Onde está o sonho?
Sei onde ficou!
Nessa noite sonhei
Tudo aquilo que queria
Nunca imaginei
Naquilo que aconteceria!

Sonhei que era
Viajante de bordo
Aquilo que fazia?
Já nem me recordo!

Sonhei que era
Dama de companhia
Mas sinceramente…
Já não me lembro o que fazia!

Sonhei que viajava
Pelo mundo inteiro
Era pirata e roubava
Ouro e muito dinheiro!

Viajei pela Europa
Pela Ásia e pela África
Fui cavaleira ou tropa
Esquimó na Antártida.

Viajei pelo universo
De lés a lés
Conheci novas culturas
Religiões e fés!

Naveguei pelo mar
Como nunca o tinha feito
Era capitã de navio
E exigia tudo perfeito!

Fui escravizada
Para servir nobres senhores
Fui também rainha
Deusa dos imperadores!

Viagem tão louca
Que não pude esquecer
Cada hora era pouca
Para me perder!

Atraquei num porto esquecido
Onde a viagem iria acabar
Não foi tempo perdido
O que passei a sonhar!

Sofia Aurélio, 8ºD

Aquele dia

Aquele dia
Parecia magia
Toda aquela alegria
Que nos unia…

Aquele dia,
Que eu desejei para nunca mais acabar,
Onde cada vez mais descobria
A razão por eu te amar!

A razão por eu te amar
A razão para em ti confiar
É tudo para eu estar,
Radiante por te adorar!

Uma razão inexplicável,
Por eu te adorar?!
É esse sorriso adorável
E esse maravilhoso olhar…

Quando estava ali deitada
Estava super apaixonada
E nada, nos vai separar
Porque eu não vou deixar!



Elsa Silvestre 8ºD, nº8

Memórias passadas

Sentada num rochedo junto ao mar,
lembro-me de memórias passadas,
ouço a nossa música numa guitarra a tocar,
enquanto sigo na areia as tuas pisadas.

Vejo-te desaparecer no horizonte
e apenas fico com as recordações,
os nossos mundos estão separados por uma ponte
e a saudade invade os nossos corações.

Fecho os meus olhos e ainda ouço a tua voz por perto
e penso se ainda vale a pena lutar
por quem vem de um caminho incerto,
mas é por ti que os meus olhos continuam a brilhar.

Não posso mais correr
porque de ti eu não me quero afastar
és tu que ainda me fazes viver
e me dás forças para continuar a acreditar.

Inês Marques 9ºD

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Sofro

Sofro com a distância
que separa os nossos mundos
o tempo acaba por me pedir com alguma instância
que solte os vultos dos nossos abraços profundos.


Chamas pelo meu nome repetidamente
e tens o poder de me transformar
eu apareço ao teu encontro momentaneamente
porque apenas quero ver esse teu sorriso brilhar.


Ainda hoje tento vasculhar
por entre memórias antigas
para o meu coração tentar acalmar
e eu conseguir preencher estas lágrimas de vidas.


No teu rosto controverso
eu achei um olhar a resplandecer
como uma chama acesa ou um imenso sol disperso
de alguém de quem eu nunca me vou esquecer.
Inês Marques 9ºD

Obrigada

O que eu lhe quero dizer
É obrigada!
Por todos os poemas que me mandou fazer
Embora estivesse a ser avaliada!

Adorei aprender
Poesia fazer
Agora não consigo parar
Espero que esteja a gostar!

Este poema lhe quero dedicar
Por me ajudar a melhorar
Posso não ser a melhor a rimar
Mas não é por não tentar…

Há um ano quando a conheci
Nunca pensei
Que poetisa iria ficar
Mas estou a adorar!


É essa a razão
De lhe dizer obrigada
Espero não ter sido em vão
Porque fazê-lo não custou nada!

Elsa Silvestre, 8ºD

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Canção excêntrica

Ando à procura de espaço
para o desenho da vida.
Em números me embaraço
e perco sempre a medida.
Se penso encontrar saída,
em vez de abrir um compasso,
projeto-me num abraço
e gero uma despedida.

Se volto sobre o meu passo,
é já distância perdida.

Meu coração, coisa de aço,
começa a achar um cansaço
esta procura de espaço
para o desenho da vida.
Já por exausta e descrida
não me animo a um breve traço:
— saudosa do que não faço,
— do que faço, arrependida.

Cecília Meireles

Esta é a minha vida

Esta é a minha vida
uma mistura de sentimentos e emoções
vou passando por várias portas até achar a saída
enquanto navego por um mar de ilusões.

Nunca deixei de sonhar
nem de te sentir por perto
é por ti que eu continuo a lutar
embora o tempo seja cada vez mais incerto.

Bastou um olhar para nos conhecermos
e um sorriso para eu gostar de ti
naquele lugar nós percebemos
que tudo se tinha iniciado ali.

Desvaneces com o calor do entardecer
e aí os meus olhos deixam de brilhar
cai a noite e espero pelo novo amanhecer
mas este teima em não chegar.

Inês Marques 9ºD

Melhores amigas

Convosco adoro estar,
Experiências partilhar
Sei que sempre estarão aqui
Para me ajudar…

Fotografias vocês adoram tirar
E eu estou sempre a resmungar
Mas prometo vos deixar
Algumas arranjar!

Ninguém nos vai separar
Nem sequer tentar
Porque nunca iriam conseguir
A nossa amizade destruir…

Juntas adoramos estar,
De mexericos falar
É incrível como o tempo passa a correr,
No que quer que estejamos a fazer!

Toda a gente vos deveria crer
Para melhores amigas
Se é que me faço entender
Vocês são excelentes raparigas…
Elsa Silvestre 8ºD nº8

TU

Estávamos todos juntos
Quando me vieste cumprimentar
Os outros estavam tontos.
O que é que os puseste a pensar?

Só por estarmos a falar
Eles começaram a mexericar,
E a meio da conversa
Começaste-me a beijar!

Beijo após beijo
A paixão ia a aumentar
E cada vez mais desejo
Para nunca mais acabar!

Será que é fantasia
Ter o coração cheio de alegria?
Eu sei que vou ter de acordar
Mas acho que não vou gostar!


O tempo que passavas comigo
Agora estás noutro lugar *_*
O que é que se passa contigo
Algo está a mudar!

Para que contigo possa estar
O meu nome tenho de alistar!
Isto é a brincar
Mas não falta muito até a isso chegar…

A rapariga com quem andas a falar
Começa-me a irritar!
Não consigo deixar de pensar
E os ciúmes começam a atacar!

Dizes que é a tua melhor amiga
Mas que posso eu fazer?!
Vejo-a como a minha maior inimiga,
Espero que consigas entender!



Sei que não sou tua dona
E não te posso de proibir de estar com ela
Os nossos amigos quando vos vêem
Perguntam-me “quem é aquela?”

Quando és confrontado
Ficas chateado
Quem o faz tem a sua razão
E o direito de dar a sua opinião!

Mas como o verbo amar
Envolve a palavra confiar
É isso que vou ter de fazer
Para não te perder!

Elsa Silvestre 8ºD nº8

NES

Tinha apenas cinco anos, quando te conheci,
Primeiro, achei-te convencida e vaidosa
Mas só depois me apercebi
Que me eras valiosa!

A nossa amizade cresceu,
Tal como nós,
E agora não sei o que aconteceu,
Parece que fazes parte da minha voz

Entretanto, deixámos de ser
Só nós, alguém chegou!
Mais uma amiga para conviver
Contudo, o nosso mundo ela alterou…

Falamos de tudo
Sabemos que podemos confiar
E sobretudo,
Com todas podemos contar…


Elsa Silvestre 8ºD nº8

sábado, 1 de maio de 2010

Dedicatória a todas as mães

Mãe

Palavra pequena
tão cheia de amor
podes pedir-lhe tudo
até um grande favor.

Por mais enervante que seja
mais chata e maçadora
não deixa de ser mãe
e do teu carinho é merecedora.

Trabalha sem parar
para tudo te comprar
e acima de tudo
para te alimentar.

Tem um grande coração
cheio de carinho para dar
nunca falta imaginação
para te agradar.

A mãe é tudo e muito mais
mas não posso gastar caneta
que a minha mãe
é um pouco forreta.

Alexandra Reis 7º D

Poesia é...

A flor mais bela da literatura:
o olhar do mundo em letras
versos derramados no papel
sentindo a alegria de escrever.
A brisa que nos traz alegria e imaginação,
voar sem limites.
O papiro do amor,
a harmonia das palavras e dos sons.
A explosão de emoções,
a expressão de sentimentos,
sonhar mais alto,
o reflexo dos olhos de uma criança.
O arco-íris que ilumina a vida;
grandiosidade, eloquência e arte
Ser poeta...

Poema colectivo do 7ºB

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Poesia é...

Rir até não poder mais,
um conjunto de estrofes,
uma forma de expressar sentimentos...
crescer
ser livre em pensamentos,
conhecer e aprender
o que podemos ser.
Escrever com alegria
o que somos no dia-a-dia.
Recitar
mil palavras num papel,
declarar o pensamento de um poeta...
Algo que se sonha,
o sabor de palavras bonitas
mergulhadas num mar calmo.
Amar a leitura
num lugar para sonhar...
uma cidade cheia de palvras,
um lugar de desabafo, imaginação e fala.
Amar, sentir e viver
e poeta ser...

poema colectivo do 7º D

Um livro por desdobrar

Um livro por desdobrar
é assim a nossa história que parece não ter final
em que eu acabo por me deixar enfeitiçar
e em que tu és a personagem principal.

Os teus olhos incendeiam-se ao resvalar
uma fina lágrima do meu rosto oscilante
as peças da minha vida eu tento encaixar
mas faltas tu e aí, eu fico hesitante.

Para uma rosa desabrochar
a luz do Sol nela há-de incidir
mas a chuva acabou por curar
todas as feridas que te estavam a cobrir.

Depressa chegaste e eu desabafei
mas tudo se dissolveu no tempo
quando partiste, eu chorei
porque tudo não passou de um mero momento.

Inês Marques 9ºD

Acredita...

Dizem-me para acreditar
que o que sinto por ti é apenas Saudade
e que tudo vai passar
com o tempo que parece ser uma infinidade.

Não consigo entender como me levaste
a escrever tantas palavras em vão
se apenas te foste embora e me deixaste
entre a luz e a escuridão.

Por ti escrevo o que sinto
e vasculho por entre as recordações
tu és como um lobo faminto
que apenas me alimenta de ilusões.

Um dia irei acordar
para perceber se isto foi verdade
será que ainda vale a pena acreditar?!
ou tudo está longe da realidade?

Inês Marques 9ºD

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Liberdade

Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não fazer!
Ler é maçada,
Estudar é nada.
Sol doira
Sem literatura
O rio corre, bem ou mal,
Sem edição original.
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como o tempo não tem pressa...

Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.

Quanto é melhor, quanto há bruma,
Esperar por D.Sebastião,
Quer venha ou não!

Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,

Flores, música, o luar, e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca.

Mais que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca...

Fernando Pessoa, in "Cancioneiro

Pedra Filosofal

Eles não sabem que o sonho

é uma constante da vida

tão concreta e definida

como outra coisa qualquer,

como esta pedra cinzenta

em que me sento e descanso,

como este ribeiro manso

em serenos sobressaltos,

como estes pinheiros altos

que em verde e oiro se agitam,

como estas aves que gritam

em bebedeiras de azul.



eles não sabem que o sonho

é vinho, é espuma, é fermento,

bichinho álacre e sedento,

de focinho pontiagudo,

que fossa através de tudo

num perpétuo movimento.



Eles não sabem que o sonho

é tela, é cor, é pincel,

base, fuste, capitel,

arco em ogiva, vitral,

pináculo de catedral,

contraponto, sinfonia,

máscara grega, magia,

que é retorta de alquimista,

mapa do mundo distante,

rosa-dos-ventos, Infante,

caravela quinhentista,

que é cabo da Boa Esperança,

ouro, canela, marfim,

florete de espadachim,

bastidor, passo de dança,

Colombina e Arlequim,

passarola voadora,

pára-raios, locomotiva,

barco de proa festiva,

alto-forno, geradora,

cisão do átomo, radar,

ultra-som, televisão,

desembarque em foguetão

na superfície lunar.



Eles não sabem, nem sonham,

que o sonho comanda a vida,

que sempre que um homem sonha

o mundo pula e avança

como bola colorida

entre as mãos de uma criança.



In Movimento Perpétuo, 1956, António Gedeão

PARA QUE NÃO ESQUEÇAS ABRIL

Todos os anos têm um mês de Abril e todos os meses de Abril têm um dia 25. Porém, o dia 25 de Abril de 1974 foi um dia especial para os Portugueses. Porquê? Porque o País e os seus habitantes voltaram a viver em liberdade, depois de quase cinquenta anos de trsiteza e de silêncio.
in O 25 de Abril contado às crianças... e aos outros de José Jorge Letria

Esta semana celebrou-se na nossa escola a Semana da Leitura, tendo como tema " ler em liberdade"; para acompanhar esta celebração aqui ficam alguns poemas alusivos a este assunto. Usa a tua liberdade para ler e escrever!

domingo, 18 de abril de 2010

Amar

Puseste-me a pensar
Será que vale a pena amar?
Começo a imaginar…
Divagar…

A razão do meu pensar
Depois descobri
Que era por te amar!
O meu coração eu te abri!

Com o nosso primeiro olhar
Respondeste-me com um beijo
E foi ai que te comecei a adorar!
E desde então desejo…

P'ra isto nunca mais acabar
Espero não ter de sofrer
Por te amar
Porque ai, eu não te queria ter!

Então, será que vale a pena amar?
Se sim ou não
Terão de ser vocês a procurar
A resposta e verão…


(Elisa)